segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

des-ilusion.


não vá - ou vá.
quer saber?
eu amo você.

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~ ontem eu quis te desejar ao menos uma noite feliz, eu quis trocar abraços, presentes, carinho. ontem tudo que eu tive foi um boa noite seco, seu peito roçando em outros vestidos, sua boca falando bem perto do ouvido de outra. ontem eu só pude ser o meu peito roçando numa camisa branca qualquer, palavras já há tanto tempo esquecidas. foi tudo como você quis. eu, minhas ilusões. e amanhã há de ser o que você disser.
você e suas deduções.

~

-


      
      
      
      
ver tua beleza é esquecer
tudo que há de triste.
      
      
      
      
      

ilusion.

Como caem as gotas de chuva, meus pensamentos tombam pra fora de mim; soltos, vagam pelo mundo porque já é pequeno o cérebro, meu coração. E vêm me bater mais tarde, como ventos de verão: rápidos, fortes, quentes. Doces. São de mel os beijos que me entregas e os sorrisos que dos lábios você me arranca, sem grandes esforços - com um beijinho doce, por exemplo. E, às suas perguntas, não sei se entrego a verdade, mentiras ou todo o resto. Acho que sei pouco, penso quase nada e sinto menos ainda se estou diante de você e bem embaixo desse filete de luar. E, se depois o mundo desaba, eu ainda respiro. Já não me faz falta o ar, já não são meus brânquios ramificações do teu pulmão; eu sigo ainda que a gente estanque. E, se for de morrer, eu não me mato - morreria por te viver, por ser suicídio te viver ou por não ser, mas vê-lo como sendo [?] O que sinto é falta e satisfação, o que penso oscila feito a luz-sim/luz-não que entra pela janela aberta e faz de todo o quarto um clarear-escurecer-clarear digno de painéis de neon na faixada de um decadente cabaré suntuoso. Mas, não, eu não sou parte de um espetáculo em Moulin Rouge. Sou só uma menina e tudo isso é tão somente efeito das luzes de Natal em minha varanda.

      
      
      
      

é a ilusão
de que volte o que me faça feliz,
FAÇA VIVER.
... solo sé que se me fue ...


      
      
      
      
      

   

 
 
 
aquele cheiro, som, imagem do teu corpo incendeia
e um rio carregado de
saudade
vem correr na minha veia.
é como a luz da
Lua que atravess
a a parede da cadeia
- clareia,
mais forte que o Sol.
 
 
 

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com meu vestido vermelho e a sua boca.
 
 

domingo, 28 de dezembro de 2008

o mundo é um mar

a água do mar na beira do cais
vai e volta
volta e meia, vem e vai


Hoje tudo é calmaria, é maré mansa, é água serena.
As areias são as mesmas
A água segue o clico
As pegadas refazem passos anteriores
E o vento parece coreografado.
Então eu deixo a rede balançar,
me deito,
EU SONHO.
e só enxergo o que,
mais uma vez,
torna-se real.



quem já foi marinheiro relembra histórias
que, feito ondas,
não voltam mais.

(8)

~

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

dane-se.

Descubro, entre a multidão, olhos atentos aos meus passos; não há fato que lhes escape ou olhar oblíquo que estes não decifrem. Acompanham esses olhos, ouvidos abertos às minhas sílabas soltas, ao turbilhão de segredos que saem do meu liquidificador e todo o resto que eu não sussurrei, nem gemi. Na frente e mais embaixo, esses olhos e orelhas têm línguas ferinas, frenéticas, terríveis. Do conjunto nasce o júri e dele brotam as sentenças severas pros meus crimes hediondos. Porém, tudo seria contornável caso não houvesse por trás de todo este circo um palhaço a se passar por domador de leões. Abestalhada, não entendo tanta maledicência e me pergunto o que há de errado com o enredo da novela das oito, com os mutantes, com a retrospectiva, qual a justifica pro teu binóculo mirar minha janela senão tédio? E foge do meu entendimento o que pode haver de tão certo no compêndio de fracassos que se tornou a sua vida, o que te faz usurpar um poder só meu: o de decidir a minha vida e vivê-la.
       
       
       
       
       
"VOCÊ PRECISA É DE UM HOMEM PRA CHAMAR DE SEU"
       
       
       
       
       

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

frases mais azuis.

E a noite (premissa do havia de vir) seguia sem maiores tensões - se eu não considerar a sua respiração a passos de mim. Mas o ar entrava, enchia e deixava teus pulmões em silêncio; sem roubar o ar que cabia aos meus próprios pulmões. E eu; que me habituei à mácula, a mágoa, a dor; já não acho formal a não-agressão. Então, cautelosa, eu pincelo as palavras, deslizo entre assuntos e evito situações - e me perco entre as pessoas, os tempos, a concordância. Prescindo de borrachas e essas não me adiantam, o que eu digo sai de mim em gotas de caneta tinteiro. Eu borro, eu vazo, eu mancho, eu sou de difícil manutenção ... eu só escrevo se for pra sempre.
     
     
     
/ao seu lado só existe UM lugar para mim.
e eu não quis dizer nada com isso :)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

existe borboleta no mar?

-


minha redoma rachou. e eu já pensava em usá-la como bolha, um submarino metafisico e transparente, através do qual eu poderia ver todo o universo de baixo d'água, no fundo do mar.



-

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

entre 'postáveis' e tantas pérolas.


{...}

quem esqueceu não chora
quem chora ainda lembra
quando se esquece, guarda
não se rabisca a agenda.

{...}

vai era só dizer a ela assim:
moça, por favor, cuida bem de mim.

{...}

mas não tem revolta,
não
eu só quero que você se encontre

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e isso é coisa pouca perto do que passei.


~

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

nostalgia s.a.

Certa vez, um desses sábios - que nada sabem - disse ser a infância uma fase que passamos o resto da vida tentando superar. Chamaram também a puberdade de 'aborrecência', fase dos sentimentos efêmeros e ideais vazios. Te disseram pra guardar num baú chamado passado todos os momentos especiais, as lições em casa gesto, esquecer os mortos e crescer, afinal, você precisa aprender a ser adulto. Então você aprende a quantificar o amor e julgar o mundo em números: uma casa é quanto ela vale, ninguém liga se tem gerânios na janela; as pessoas são quanto elas ganham; os alunos, notas; o que importa é a faculdade, doutorado, casar e ter três fillhos, um cachorro; os amigos, hoje raros, já não sobra tempo pra eles. Mas tu és dono das chaves de teu baú, abra se precisar de sonhos, abraços, colos e consolos; se precisar de um pouco de cor em tudo isso ou mesmo se quiser lembrar de um tempo em que o pra sempre não acabava. (10/07)
       
       
       
       

domingo, 7 de dezembro de 2008

-

-


faço versos feito um trovador
quem sabe, então,
você me dê o seu amor.


(8)

sábado, 6 de dezembro de 2008

ai, me belisca.

      
      
      
            
      
      
            
      
      
            
      
      
            
      
      
            
      
      
            
      
      
      é sonho, não é?
      
      
      
      

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

um caso [forte] a mais

enquanto for só ternura de verão ... eu vou.



são palavras e palavras; as minhas e as dele. e as minhas sobre ele, sempre. e as deles sobre nós. são perguntas e mais perguntas. as deles, sobre por que estamos se não somos. as minhas (dele só tenho respostas). se o ouço devagar e sei o porquê de todo o mundo. eu simplesmente amo o modo como ele é, sem amá-lo. prendemos nós a nós mesmos, e somos livres. é esse o encantamento.



Brilho Eterno.

Eu queria comprar uma furadeira. Eu queria esburacar teu crânio em zig-zag, enfiar meus dedos e massagear teu cérebro - já que o coração fechou-se em copas pra mim. Eu queria, então, seguindo um mapa anatômico, alcançar em cheio o lóbulo pra onde você mandou suas memórias, como um anti-span encefálico. Eu queria re-encaminhar cada um de nossos momentos, espalhar memórias de mim por toda a maça cinzenta até que fossem pátio do meu castelo o córtex, a pituitária, o cerebelo ... Eu queria deixar que o shampoo escorresse pelos seus cabelos, pelo couro e e infiltrasse pelos buracos que eu fiz, uma lavagem cerebral. Eu queria, depois de limpos, condicionar seus pensamentos. Eu queria penteá-los em uma trança, adorná-los de rubis. Eu queria lobotomizar você. Eu queria seccionar suas vias, interromper o fluxo e redirecioná-lo. Eu queria, e é o mais leve que eu posso querer, te induzir um coma e sussurrar no teu ouvido o que quer que eu queria que você lembre ao acordar. Como um pássaro que sai do ovo, eu queria que você me visse e essa fosse tua lembrança mais doce. Eu queria, mais uma vez, ser ninho. Eu queria, no balanço de um relógio antigo, hipnotizar você. Eu queria te encaminhar ao balanço de horas antigas. Eu queria ter acesso aos cofres da M.I.B., eu queria o tal aparelho de deletar memórias. Eu queria, bem rápido, apagar você de mim.
      
      
      

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

vou lá ... andar'

por entre ruas eu vou perdendo passos. descarrilho, parto bússolas, rasgo mapas; mas não me perco. em cada légua desse caminhar, eu fui minha e estive comigo. inclusive enquanto a outros me doava e apesar dos membros amputados em emboscadas - tecidos mortos, dispensáveis - cá eu estou: inteira. ainda que eu ande em círculos (voltas e voltas em torno do meu umbigo), nunca estiveram tão ao meu alcance todos os meus sonhos e planos. melhor eu sou. imensamente mais feliz, talvez, eu não me sinta; porque é também minha companheira a ânsia burra de viver não só de mim, de correr em bando. os outros aos quais me dôo - e me nego - são, enfim, meus próprios pedaços soltos, células-filhas a brotar em outro corpo. sei que não faço metade do que me proponho, porém já proponho e faço. e você?
perde seus passos no caminho de me esquecer.
não sabe que esta trilha, meu bem, finda aos meus pés.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

-

eu não tenho tempo.
eu não sei voar.
dias passam como nuvens
em brancas nuvens eu não vou passar.

(8)

/issoéumjuramento


~

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

           

     
     
   
senta aqui, espera que eu não terminei!
...
não há ninguém capaz de ser isso que você quer
- vencer a luta vã e ser o campeão -
pois, se é no 'não' que se descobre de verdade,
o que te sobra além das coisas casuais?
me diz se assim está em paz
achando que sofrer é amar demais (U)(8) ~


     
     
     

-

-


foi tudo ilusão passageira
que a brisa primeira levou?



~

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

-

-



So,
why are we strangers
when our love's strong?
Why carry on without you?
And evertime I try to fly
I fall without my wings.
I guess I need you, baby!



~

alpondra ~


pedras que ligam canais, rios, margens ... pontes por excelência.
quem me eleva e não me deixar tocar os pés na lama!

uma honra.

meu artista favorito: Juka Lordello.



sábado, 15 de novembro de 2008

sobra tanta falta

Já não falo em saudade, nem ao menos sei sobre o que verso. Queria eu hoje falar dos sonhos e dos planos, do caminho, dos portais. Porém são os meus olhos abertos quem redige esse texto. Não é da vista que reclamamos - eu e meus olhos. É a língua que, cansada de se fazer entender, entrou em greve; já não explica o que não entende: o mundo, o mar, o grão de areia. As mãos que hoje estão enlaçadas às minhas são, sim, dignas do posto que ocupam. Mas, quando as minhas mãos estão suadas, quando as pernas - tremendo - não sustentam meu corpo, são outros os colos, outras as vozes capazes de sossegar meu coração. Nada do que me obrigam (entre todas as coisas que me disponho a fazer) dói ou é mais difícil do que me explicar. Ontem uma flauta soou triste, a roda - nunca tão viva, nunca tão áspera - só cantou pra mim. Ninguém ali viu a única lágrima que derramei. Ninguém ali saberia o quanto de mim é roda, é viola ... é roseira.



é o que sobra quando não há redomas
por favor, borboletas, não demorem tanto assim.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Recado ao sr. 903

Vizinho - Quem fala aqui é o vizinho do 1003. Recebi, outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava do barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal - devia ser meia-noite - e sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se o não fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor, é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita, pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a leste pelo 1005, a oeste pelo 1001, ao sul pelo Oceano Atlântico, ao norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 - que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão, ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45 e explicarei: O 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua em que ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas - prometo silêncio......mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta de outro e dissesse: ´Vizinho, são 3 horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou.´ E o outro respondesse: ´Entra, vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho! Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a vida é bela´.E o homem trouxesse sua mulher e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.
... e o sonho de Rubem Braga é, também, o meu.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

ai, amor

Quis chegar até o limite de uma paixão

Baldear o oceano com a minha mão

Encontrar o sal da vida e a solidão

Esgotar o apetite, todo o apetite do coração

miragem minha, minha linha do horizonte,

é monte atrás de monte, é monte, a fonte nunca mais que seca

Ai, saudade, inda sou moço,

aquele poço não tem fundo,

é um mundo e dentro um mundo e dentro é um mundo que me leva…
(8)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pedrinha.

Hoje eu não quero escrever, preciso. Em cada palavra eu me vejo; não é doce ou macio, é apenas absolutamente bom, porém não há entre as supra-citadas qualquer relação harmônica em métrica, ritmo, rima - eu já não soo bem. Há só um imenso receio de me fazer entender triste e fria, há total cabimento pro gelo, não pra lágrimas. E é este espelho de mim que eu não reconheço, porque eu sempre chorei ... morte na família, fome na África, holocausto, inquisição, unha quebrada, dor de cabeça, orgulho ferido, uma palavrinha mais áspera etc ... dessa vez, não. Hoje eu não quero escrever, preciso falar sem lirismo. Mas sou digressiva, indireta, simbolista, eu sou impossível. A trilha mais retilínea ao que eu sinto é: eu tinha dois castelos no meu quintal, hoje só há um. O que ruiu era a morada dos meus sonhos, meus planos, a certeza que eu tinha de levar comigo o que me é, realmente, eterno; era um belo castelo, erguido sobre as nuvens do meu quintal. O que ainda está de pé é igualmente lindo, e não tão mágico; feito de pedra, são minhas certezas esquecidas, minha garra, força e obstinação - da minha janela, eu o admiro todos os dias. Talvez, pegando uma régua, eu te diga melhor: eu, sem questionar meus planos, os vi cair por terra ... e eu nem olhei pra trás. E eu me sinto frio pelo recado que eu finjo não ter lido, pelos textos que eu não 'respondo', pelas mensagens que eu apaguei, pelas noites que eu dormi sem chorar, sem virar na cama. Eu ontem lembrei de tudo e fiquei mal ... na fila da padaria, olhando um chocolate. E quando me perguntam o que eu plantei, eu só não sei o que eu colhi.
 
 
 
 
P.S.:
Peço a compreensão de todos que não me decifraram...
Relaxem, seria pretensão demais - o entendimento, nem eu alcancei.
 
 
 
 

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

  

o pé quer se enfiar na tábua, sem esquecer a fé.
os dedos já apontam no horizonte uma rota pra seguir.
as flechas se jogam do meu arco, as vejo alcançar o alvo.
mas a alma quer descansar.
pode ser que eu me entregue, que eu lute, que eu vença.
só não sei se isso é agora ou se é depois.
será?  
  
  
  
não[,] espero mais
  
  
  

domingo, 2 de novembro de 2008

fora tudo mais que eu penso.

Terminava fevereiro - meu mês das desventuras - quando te vi e soube que era você, profético assim. Além, muito além do que eu sempre supus ser amor, havia o que agora me dominava. Avassalador, cinematográfico e efêmero, nosso amor terminou, mal teve tempo de ser. Dei a mim um mês de calmaria até que a saudade se fez mais presente que a dor, o desprezo ou a raiva que eu sentia. A essa altura, eu já não botava fé naquele amor primeiro, imaculado. Mas, ingênua, eu quis crer num amor maduro, o qual tudo supera. E então entendi que alguns preços vêm embutidos nesse negócio de amar. Preferi pagá-los. No cheque especial, já sem amor ou mesmo um lenço, eu desci da calçadas das flores, gargalhei do grande amor. Verdade, juro! Mas isso é vestígio da mágoa dos mal-amados, é amor ressentido, ofendidinho. Só me dei conta da cura quando o relógio badalou doze vezes e eu não o tinha lembrado por um segundo sequer - nem seus beijos, nem seu adeus. Então, descortinando toda a aura poética e exageraada eu lembrei do quanto ele era ... hm ... interessante. Era só o que sobrou do amor: um telefonema, um desejo, um beijo, sem mágoas ou planos, sem 'amanhã de manhã' [?]. Um outro amor ameaçou surgir, abortei o plano - incocebível demais. Foram bons tempos, o pseudo-novo-namoro e a recém-solteirisse, e eu dizia '...meu ex...' tão por dizer, taaaaão distante da minha realidade. Hoje, como meu mundo em stand by [*], eu reconto nossas histórias poéticas e monto cenas (minha maaaior ficção de aamooô oow), e qualquer coisa meiga vem me dizer que nada nunca vai se comparar ao que vivemos. GRAÇAS A DEUS! Porque esse amor todo foi pura falta do que fazer.
  
  
  
  
[* faltam duas semanas pra UFBA e pra Ju chegar - e pra outras cositas também].

Latente

Estranho ouví-la falar de como fomos felizes - como se nunca o tivesse percebido, como se já não fossemos. Estranho é concordar. É quando a frase soa como sentença, e eu sigo pela orla como se não houvesse onde chegar. E o sol - pão de cada dia - hoje, tímido, não quer se mostrar, se escondeu atrás de uma nuvem; é a própria nuvem, preguiçosa e estática, esconde o sol, encobre o céu e pinta o mar num sem cor sem fim; é o mesmo mar ressaqueado tragando pra si toda as histórias contadas na areia, tornando lisa a praia antes coberta dos passos que demos; É o nosso não andar. Deceparam nossas pernas, nossos sonhos ou é a vontade que se extiguiu? NRA.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

-

eu queria falar, falar, falar,
escrever rios.
ser inteira palavras.

mas não há nada a dizer.


-

Castanho

e simples, como devem ser todos os amores. Tranquilo, se cria ao passo que se expõe. Como se nunca tivesse sido antes e ainda agora não tivesse pressa em sê-lo. Se abre lento. Não como quem escolhe e alisa pétalas, se demora porque sabe que não há um fim ao qual temer. Ele é só inícios. Ainda se abre; tipo sanguíneo, fonte de aguardente, sorriso de alma clara brilhando nos dentes. Como são claros os traços seus que eu rabisco na areia. À sua beira, nessa espera, te recebo presente, sem sustos e ainda surpresa. Bonito. Me faz andar em passos lentos, constantes, firmes. Até eu esqueço os fins, enfim. Porque, sendo castanho e simples, devia ser amor.
Seja.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

de: raisa le fey. para: amanda lee jones

Amanda,
Sei que já é por demais comprida a lista de funções que você desempenha - com louvor - no deusamenina, visto que é de tua responsabilidade grande parte dos temas, do desenvolvimento destes, assim como é você a minha leitora oficial e melhor critica nossa de todos os dias. Espero que tudo isso seja tão prazeroso pra você quanto é para mim. Porque, nesse momento de Crise Pré-UFBA, peço que aceite mais dois cargos: editora e chefe de publicação, o mais leve dos trabalhos de Hércules quando comparado aos supra-citados. Sem mais delongas, segue o mais recente dos meus textos. Desde já, obrigada.
Meu celular foi claro e objetivo: ele precisa de espaço pra memória; cansou do texto batido que eu relia todas as noites - pra acreditar, pra esquecer, pra pegar no sono. Comando por comando, eu apaguei as juras de amor ao som de LH, e era como se um vento de Artártida viesse soprar em mim, e minhas mãos permanecem quentes.
Meu celular respirava aliviado, pra mim era indiferente. Há tempo não abro a caixa de mensagem, não procuro suas palavras, não canto aquele refrão. É assim quando a gente cansa. Porém, qual não é o meu espanto ao ver que ainda marco presença entre seus assuntos, ainda sou o nome que você dá para pedras e flores, 'Ra i sa' ainda é teu palavrão predileto.Ainda. Só peço, por favor, que não dê um jeito de me responder (à altura). Não me interessa essa guerrilha. Ainda quero ganhar, mas você - como troféu ou como concorrente - não me interessa mais.
P.S.: Como o cargo mooooor que você exerce na minha vida é o de minha amiga perfeita, que entende todas as abobrinhas que eu digo, me responde: É A MEMÓRIA DO CELULAR DELE QUE É GRANDE, OU O MUNDO DELE QUE - DE TÃO PEQUENO - CABE EM QUALQUER BURACO?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

não consigo pensar num título bacana.

Dedos duros tateiam o teclado, pressionam letras sem uní-las em poesia, em rima, em nada. Destreinada. Cansada. Vazia. Primeiro era um mundo que se abria no girar de uma maçaneta, o desejo de boas tardes. Hoje é só uma porta, uma sala e pessoas. E toda a supercialidade que as semanas nos trazem. Todas as coisas que hoje há é tudo quanto não preciso. Porque colegas são só sorrisos por cortesia, e eu queria alma brilhando no dente. Eu sinto falta de ser do todo, e ser parte. E quando caminho por baixo das árvores, é como se fosse o céu. Porque eu ouço vozes. De marzipan. Aí eu sou eu. E eu é feliz pra caramba. Eu morre atropelada, se arranha, dá esmola a velhinhos. Mas é feliz e voa.



Dan e Man: minhas 'ligações' pro MEU mundo. Merci *-*

domingo, 12 de outubro de 2008

-


ser todo ser
e reviver
a cada clamor de amor e sexo

perto de ser um deus
e certo de ser mortal

de ser animal
e ser
homem.

(8)



~

terça-feira, 23 de setembro de 2008

    

         
         
         
e lá vai Deus
sem sequer saber de nós.
saibamos, pois,
estamos sós.
         
         
         
         

a fiada.

calo, grito e choro aqui - sempre - o que eu bem entender! mas, no que entendo, me preservo/. hoje, porém, me acomete uma vontade avassaladora (posto que o descabido me cai mui bem). a vontade que eu tenho é de rasgar a alma /suicido. mas tudo é muito meu, por isso não declino ao desejo. tem de haver algo em mim que eu não escancare. a vontade que eu tenho é de respirar. qualquer dia eu vou parar. e aí está a beleza. todo esse 'agora' pode ser a última vez. ou a gente pode ser pra sempre ... quem vai ficar aqui pra ver?


o que eu tô querendo dizer? nada, ué. só tô falando.


pode ser até do corpo se entregar mais tarde. parece simples. mas a gente, às vezes, é. e o amor é lindo! deixo tudo que eu quiser. eu não me queixo em ser. acho normal ver o mundo feito faz o mar num grão de areia. é de se entregar à sorte. todo mundo vai saber. é de se entregar à sorte. todo mundo vai saber e ver que o vai e vem pode ser eterno. pra ver quem manda. acho que não vai dar ... tô cansada demais. VOU VER A VIDA A PÉ. acho normal tá no mundo feito faz o mar no grão de areia.


nada, ué. só tô cantando.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O Deus Mais Lindo

Da janela do carro, eu podia ver tudo passando em círculos. As palavras ainda me rondam em eco. Abri a porta e saltei, pra que todas as coisas acompanhassem meu passo. Não é assim. E o vento ainda passa por mim contando de novo o que nunca me disse. Faltam coisas na memória, como páginas que eu passei pra não parar. É, O Deus mu dança. E eu não conheço os novos passos. Embora goste da cadência e da batida, eu não entendo o cair das tardes. Errante, vou ao sabor de cada acorde. Que eu acorde pra ser o que me torno. Que as horas não batam sem que eu aprenda.


" ... Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos, entro num acordo contigo: que sejas ainda mais vivo no som do meu estrebrilho; ouve bem o que te digo! Peço-te o prazer legítimo e o movimento preciso; de modo que meu espírito ganhe um brilho definido. O que usaremos pra isso ficará guardado em sigilo; apenas contigo e migo. E, quando eu tiver saído para fora do teu círculo, não serei nem terás sido.Portanto, peço-te aquilo e te ofereço elogios nas rimas do meu estilo ... "



Que seja doce. Amém.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

afasta de ti esse cálice

Essa coisa toda sobre amar pode ser fácil. Pode até - pasmem! - ser saudável. Isso quando o foco da relação é deslocado ao ponto correto: 'você, e o que você espera' aliado a 'o outro, o que ele pode oferecer'. É dual. Educação sentimental é, sim, possível. São lições fáceis sobre desapego e independência; sobre importar-se e ceder; sobre saber amar (saber deixar alguém te amar). O amor não é um jogo. Porém, não prescinde de regras. Por exemplo, torna-se impraticável a correção do que se aprendeu [errado] sobre relacionamentos se você insiste em ouvir Djavan. Como num processo qualquer de desintoxicação, tem-se que afastar o "paciente" de uma possível tentação ou influências negativas, que é pra não ter recaída. Você há de concordar, caro leitor, que as idéias do compositor em questão sintetizam o caminho mais rápido ao suicídio pra alguém que aprendeu a amar demais ao outro, não a si. Se eu estiver errada, por favor, me aponte um vestígio de contentamento e satisfação no seguinte verso: amar é um deserto e seus temores .

Isto não é, de forma alguma, um ataque frontal a Djavan, talvez seja uma auto-critica. Porque eu sou correligionária de todas essas idéias sádicas. Por mais alto que eu vá, ... alguns buracos me tragam. Porque eu corro os ricos do amor total. É que eu só sei me entregar! ... alguns versos ainda me alcançam. E nenhum o faz de modo tão avassalador como estes:

Valei-me Deus!
É o fim do nosso amor.
Perdoa, por favor.
Eu sei que o erro aconteceu mas não sei o que fez tudo mudar de vez.
Onde foi que eu errei?
Eu só sei que amei, que amei, que amei.

[...]
E o destino não quis me ver como raiz de uma flor de Lis *
E foi assim que eu vi nosso amor na poeira.
[...]
O meu jardim da vida ressecou, morreu.


* isso dói.






Nem que eu bebesse o mar, encheria o que eu tenho de fundo!

  
  

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

e é bem assim.

            
            
            
Eu não peço desculpas,nem peço perdão.
Não. Não é minha culpa essa minha obsessão.
Já não aguento mais ver o meu coração -
como um vermelho balão -rolando, sangrando, chutado pelo chão.
Psicótica, neurótica, toda errada!
Só porque eu quero alguém que fique 24h do meu lado.
No meu coração, e-ter-na-men-te colado.
            
            
            
                                    
                                    
                                    
__________________________________________________________
     
eu pretendia apenas publicar uns versos e me fazer entender assim; sem que pra isso eu precisasse dizer mais nada, nem vocês. então, publiquei só a canção e vetei os comentários. mas, olhando o trabalho 'pronto', o pensamento que me bateu quando ouvi a canção pela primeira vez, voltava a me perturbar ... é louco quem quer amar, é isso que eu penso. concordo com Caetano, com Mautner e seu violino, mas eu [a i n d a] quero ver o amor como um templo, uma lei maior, é por isso que hoje, quando Lulu cantar, eu irei acompanhá-lo aos berros: deixa ser pelo coração; se é loucura, então, melhor nem ter razão ..." e fim.
                         
                    
                         
                    

sábado, 13 de setembro de 2008

Over The Rainbow.

Lá no céu, o arco-íris é só uma promessa. Quando o Sol, antes de voltar em plenitude, nos brinda com as cores por trás de uma gota d'água incolor. Insipida, a luz que sai do Sol em branco puro. Rasga a atmosfera em tons de amarelo, pois já não há mais azul - esse é do céu. Até ser do mar, por reflexo. Porque não têm cor nem o mar, nem o céu, nem o prisma em minha janela. Porque só tem cor o Sol, e hoje ele se fechou em nuvens, seu biombo branco.
Melhor assim.



Dai-me outra cor
- que não seja a do seu olhar
Dai-me outro amor
- que venha pra me perpetuar
Dai-me outra cor
- que não tenha o que eu quero enxergar
Dai-me uma dor
- que sirva pra eu acordar
[...]








O mantra dos que querem ver além do que querem ver. Dos que sabem que é tudo tão maior do que isto que pintamos pra que pareça real, pra que seja sincero. Porque olhos nos olhos não validam, só iludem. Só somos nós em branco e preto, sem meu mel ou seu céu. Eu sei. Eu não vou esquecer.




o quero mais me desmentir.






quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Sobre maçãs e metades.

Deitada à sombra de uma macieira, é incrível como certas perguntas - contrariando as leis da física - me vêm à cabeça:


por que as maçãs não caem pra cima?
por que não ficam soltas no espaço sideral?
por que não vão germinar num planetinha onde só há baobás ruins,
flores bobas e rosas presunçosas?

De volta à minha racionalidade, eu simplesmente sei que as maçãs caem, e isso é tudo. Algumas, as dos galhos baixos, tombam; amassam quando não encontram uma grama que suavize o impacto da aterrissagem. Por causa dos hematomas, têm-se que sacrificar um pedaço ... mas ela ainda é UMA fruta. Porém, as maçãs do topo (mais altas em tudo ... mais próximas do céu) não têm tal sorte. Elas desabam; e tão pouco importa a pista de pouso ... elas se partem. São, então, duas metades diferentes de uma mesma coisa. As vezes, ambas - exceto pela ruptura - saem ilesas e vão ser alimento pra outros seres, adubo pro solo, ou vão germinar outro chão, porque a vida segue. As vezes, vêm outras colisões após a queda, e uma metade sai mais danificada que a outra; e fica ali no chão até que apodreça, porque a vida as vezes resolve estagnar. Mas, de que importa? Era só uma maçã como tantas outras. Né [?]
__________________________________________________ deusamenina, 10/09/08.





- Adendo:
    
Este texto, logo após ser cuspido, foi salvo como rascunho; por se tratar de uma justificativa pra algo que eu - talvez - não acredite, por ser pobrinho e porque eu entendi, enfim, que este tema não precisa (nem tão pouco merece) ser a razão de ser do deusamenina. Escrevi tão somente pra contar a um amigo - e a quem mais possa interessar - que uma maçã não precisa de uma faca pra se partir. Porém, por mais que eu explique por este ângulo, sempre um outro prepondera: por que não juntar metades? Então, eu vos digo: algo que foi uma coisa só, após se segmentar, não vai, necessariamente, voltar a ser inteiro. Na queda, pode ser que aconteça algo além da ruptura, e duas metades já não somam um, não se pode forçar o encaixe perfeito. Além do mais, deixemos que Deus fique em seu lugar de deus, e Ele tem outros planos. Que Eva* brote de sua costela, da sua eternização do eterno, e que venha com calma e paciência - porque há de precisar.
    
    
P.S.¹: Aos queridos amigos,
agradeço o carinho e o tempo devotado, mas peço que usem esse talento em prol de outro casal. Não nos queremos mal, apenas não nos queremos mais. Ou perdi alguma coisa?
    
    
P.S.²: Sobre as canções,
como não sou tão mesquinha ao ponto de ser capaz de reciclá-las no relacionameno atual ou num próximo - o que é de um, é de um - prefiro não gastar mais bons versos.
    
    
    
    
    
    
... c*, que texto cheio de partes! parece uma maçã partida ... rs /ciiiinica!

sábado, 6 de setembro de 2008

Blefe Fatal.

Mais cedo, tateando meu rosto, não havia nada de meu nas feições, nos traços. Descendo, não era meu o meu pescoço, meus seios, meu ventre, meu umbigo ... moldei em mim uma mulher que não sou, pra não ser só, só pra ser sua. Nas tarefas mais simples, ou nos meus prazeres supremos, tudo era uma guerra por vencer; sua aprovação a conquistar. Sentada na areia branca - alone embaixo do céu - espero que as ondas venham beijar meus pés, mas o mar cansou de mim, cansou de me ver te vendo num azul que é dele. Perdi meus dias, minhas vontades, meus desejos, minhas forças .. me perdi na sede cega de você. Ora sussurros, ora aos berros, mas todas as horas eram só a espera do teu beijo, como a água que já não brota. Fiz do meu paraíso um lugar pra ser nosso, onde poderíamos ser tão somente eu e você, ser mundo inteiro, onde nos bastaríamos. Amor em par, dueto de beijos, duelos de esgrimas. Mas não fomos co-autores de nossos planos, ou era você ou era eu. Então toda essa falta de sal e sol é só o preço a pagar por querer ter visto o que não é pros olhos de qualquer um, pra pagar as contas de um amor pagão; nosso eclipse oculto, seu sorriso inocente à beira do precipício, nossa filha, nossa vida, minha vontade de ter o impossível, meu principio do fim, meus clichês. Volto sem olhar pra trás. Quero que meu corpo guarde seu toque, que meus pulmões lembrem teu cheiro, minha língua, o teu sabor, que meu toque lembre o corpo teu. E que eu, sinceramente, te esqueça. Pedindo perdão ao mar, eu vou voltando a saber de mim, a gritar no 'i', a dobrar a cintura (não mais os joelhos), a ser 'até o fim', a ser de outro sem deixar de me possuir. Devo, enfim, confessar que todo esse texto é pra dizer: Filho da puta, não ameace me trair com canções.

         

         

         

tenho que aceitar,

caberá ao nosso amor o eterno ou o 'não dá';

pode ser cruel a eternidade.

eu ando em frente por sentir vontade.

eu quis te convencer, mas chega de insistir!

caberá ao nosso amor por o que há de vir;

pode ser a eternidade má.

caminho em frente pra [NÃO] sentir saudades.

tantos nós e vós - e eles juntos!

         

         

         

(Malu Magalhães e -salve! - Marcelo Camelo)

... mais versos dessa 'paz sem culpa', são pra você.







sexta-feira, 29 de agosto de 2008

(ela disse assim ) A Teus Pés :

Eu viro pro lado e durmo. Já não rolo mais na cama, não amarroto lençóis, já não desforro o colchão, você me dá sono. O que antes me mantinha acordada, olhos postos nas constelações, hoje me cansa. Eu já não choro - não há desespero em vão - tão somente desligo as estrelas, abro os sonhos e durmo. É bem verdade o que dizem de mim, dos meus extremos e dos meus dramas, do meu mundo de ilusões. Mas de que vale passar tanto tempo, cabeça baixa catando penas ,se você as guarda numa caixa de papelão? Se você pretende enterrá-las bem embaixo do peito, me diz, de que vale catá-las? Viver é bom. Estes são nosso primeiros passos, que custa tocar o asfalto com o pé direito e fingir que são pedras amarelas? Não gosto do teu lado esquerdo, esse pote de tinta cinza em tuas mãos, teu complexo de pégaso preso ao arado, teu olhar quando ele me diz 'jura, Raisa' e esse tua nova obsessão pela realidade. Por isso eu fui embora, porque eu tenho asas. Te deixo a cópia de meus mapas e um par de asas bem grandes - teu corpo está pesado demais! E, entregando o alvo de todas as setas, eis o nosso destino, o roteiro, o 'x', o fim da estrada: vamos pra Babylon [?] ~ baby, baby, Babylon' Vê se não demora, não tem graça sem você. /Sem o Meu Você.



Q u e o C é u S e j a A q u i
  
  
  

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O Processo

Existem milhões de insetos almáticos. Alguns rastejam. Outros poucos, correm. Hoje, eles todos - todos quadrados - rodam por dentro de mim. São borboletas no estômago. Formigamento na alma, na palma da mão ... pelo avesso, caminhos avulsos. Traças no meu juízo, já não resta uma fibra sequer. Aranhas na garganta, engendram teias nas cordas vocais. Rastros de peçonha em minha língua, venenosa estou. A púpila, um ponto preto, um ponto aceso; vagalumes num mirar. Baratas têm cheiro e me invadem os pulmões. Nalgum canto de parede, há um caco de Kafka a me observar. Se abro a boca, a cigarra se põe a cantar. Já não trabalho, e o inverno há de chegar. Com frio. Sem sangue. Sem voar. Exceto as tanajuras sem sonhos, invasoras dos meus. Lá levantaram acampamento - LATIFÚNDIO IMPRODUTIVO, declararam. E eu não ouvi. É um chiar de mosquito no pé do ouvido. E o meu mel, as abelhas vêm buscar. Pelo cabelos, entre os fios e se esfregando no couro, piolhos-de-cobra. E as minhas pernas enrolam-se feito gongolos. Não ando. Não caio. Não passo. Perambulo feito maribondos. Moribunda. Tornei-me eu um habitat. Não sei se me habituo. Se finjo que insentos já não há. Se encho a cara de Tequila. Geléia real. Baigon. Da larva à pulpa à coisa toda adulta. Metamorfose. São mudas. É este o meu casulo pessoal.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

             

      
          
e ao coração que teima em bater:
AVISA QUE É DE SE ENTREGAR O VIVER ~
      
      
      
      
      
      
      
      

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Saudade de tu, meu desejo.

Nenhum beijo de mel em especial. É só saudade de desejar. Sinto falta de textos melódicos e melados, das lamúrias, declarações e de todas as vezes que aqui eu disse 'nunca mais'. Falta de um toque único para quando ele ligar, porque, sim, sinto falta de esperar por ligações e por uma voz no pé do ouvido, ainda que virtual. Falando nisso, faz falta o frio na barriga quando sobe a plaquinha de avisos no msn. Saudades de implicar com coleguinhas da faculdade, recados e depoimentos. Saudade de comparar flores e declarações. Saudade de ver meu nome, ao lado de um 'te amo', assinado em cada folha de cada matéria nos cadernos dele, inclusive na página de adesivos e na pasta plástica, claro. Faz falta reconher, ou não, um perfume. Faz falta pensar que é ele quando um outro, com o mesmo perfume e marca de cigarros, passar por mim. Sim, sinto falta de reclamar da fumaça. E também do fogo. Não que eu reclamasse muito. Voltando às faltas ... fazem falta fotos, cartões, cartas pra não serem entregues. Faz faltar querer andar na rua de mão dadas, querer exibir um novo troféu. Não é sobre ter um troféu, é só sobre querer. É que me faz falta o amor e eu não quero amar agora. Nada sobre estantes e presenças, é só sobre querer, e eu não quero. E as canções têm tocado sem me tocar, isso é tão triste. Nenhuma letra me diz muito, as melodias já não me derretem e nem mesmo Chico me arranca uma lágrima ou arrepio. Ou, talvez, hoje eu não vá mandar Cazuza à merda. Se ele tocar pra/em mim ...



" ...
Se todo alguém que ama, ama pra ser correspondido;
Se todo alguém que eu amo é como amar a Lua, inacessível;
É que eu não amo ninguém, parece incrível.
Não amo ninguém. E só amor que eu respiro ~
..."









sábado, 16 de agosto de 2008

caros amigos

Para mim, atualmente, companheirismo e lealdade são meio sinônimos de felicidade. Meus amigos são muito fortes e muito profundos, são amigos de fé, para quem eu posso telefonar às cinco da manhã e dizer: olha, estou querendo me matar, o que eu faço? Eles me dão liberdade para isso, não tenho relações rápidas, quer dizer, tenho porque todo mundo tem, mas procuro sempre aprofundar. E isso é felicidade, você poder contar com os outros, se sentir cuidado, protegido. Dei esse exemplo meio barra pesada de me matar....esquece, posso ligar para ver o nascer do sol no Ibirapuera às cinco da manhã. Já fiz isso, inclusive. (Caio Fernando Abreu)


Talvez o Sol não nasça tão belo no Ibirapuera quanto nasce nas bandas de cá, ao som dos violões ... ao som das nossas vozes, aos berros, cantando 'e o amanhã, cadê', enquanto nossos dedos apontam pro borrão laranja que já sobe lá no céu; como se aquele sol nascendo fosse a renovação de todas as nossas promessas, um brinde as nossas almas sempre sedentas por viver. Minha vida e minhas forças vão se erguendo a partir de momentos fortes assim. De todas as lições que passarei à minha filha, a maior será essa sobre como conquistar e dispôr em sua volta pessoas tão especiais quanto essas que eu tenho, meus amigos. Porque eu simplesmente sei que toda a humanidade seria melhor de ouvisse seus risos, se conhecesse vocês.



Aos companheiros de violão; aos coleguinhas do Sonho, cresci com vocês; aos colegas de Cruz e de Feiras das Ciências, aprendi com vocês; aos que me deram a mão no Sartre e no Lavoisier; minhas famílias adotadas (Moraes, Silveira e Souza); Victor, o melhor e mais especial; às minhas melhores amigas ( mamãe, vó e Luli; e Juju, Candy, Paulinha, Dí, Dan, Juli S., Édille e Man.) :

obrigada, não sinto falta de NADIE, tenho vocês.
~

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

of only eighteen

Eu andei alheia a rua. As minhas linhas pontilhadas, o meu caminho das pedras amarelas, minha rota de migalhas de pão, meus mapas do acaso ... nada parecia poder me levar a lugar algum. Notei que eram as minhas pernas quem recusava se mover. E vi como era tolo e vil o desperdício da sorte. O infinito esperava por mim, uma porção de coisas grandes a conquistar e eu aqui, parada. Lembro que, apagando as velas em meu oitavo aniversário, eu disse: só faltam dez /suspira. Eu pensava em mim na faculdade, cabelo preto (tatuagem no pescoço, um rosto novo ... ♪), feminista convicta, pegando ge-ral [6]. Desisti do direito, perdi no vestibular pra jornalismo, descobri que é bacana ser loirinha e tô esperando o meu exemplar exclusivo dos príncipes encantados - enquanto me divirto com os lobinhos /daleclichê! E eu confesso, a-bes-ta-lha-da, não estou nada decepcionada. Eu era taaão menina ... a rampa da garagem parecia um tobogan, a Cofel era um shopping center mesmo antes da reforma e o coreto da praça era tão gigantão. Não que eu tenha crescido muito ou visto grandes monumentos, mas, do tamanho da minha alma e exergando o horizonte distante, eu sei que sou um tanto bem maior! Eu sou o abraço dos meus sinceros amigos - dez cabeças ... mas não tem outras mais bonitas no lugar - eu sou o que minha família construiu, a menina da minha mãe, o sorriso de Gabi e continuo sendo o orgulho do meu avô. Hoje, quando eu for assoprar as velas do meu décimo oitavo aniversário, vou sem me dar prazos, vou sabendo que ainda hão de vir vários dez anos, que ainda há toda uma vida. E meu primeiro pedaço de bolo, esse ano, é toooodoooo meu.


"Ela é uma linda rainha de apenas dezoito ... e ela será amada"
marron five, She Will be Loved


-

todo o grande amor ainda é pouco,
ainda é nada, eu vi
amores que jamais verei
meninos, eu vivi

amei mais do que pude

eu fiquei cega de paixão

{...}

juro que, um dia, eu vi um homem ser feliz.





_____(8)

domingo, 3 de agosto de 2008

do mar e de mim



É que eu quis abrir os Oceanos. Mil rotas eu tracei, planejando descobrir e conquistar novos mundos. Construí aos poucos a minha embarcação. E, num fevereiro, estourei champanhe, icei as velas e parti. No cais, os que torciam, o que choravam, os que só foram ver, os que eu sentiria saudade e os que me desejavam sereias, serpentes, iceberg e tormentas. Venceram os últimos. Naufraguei no litoral. Por nada e há poucas milhas do porto que parti. Boiando sob uma tábua rasa, eu via o velho farol. Calculei que, sem muitos esforços, poderia voltar e começar tudo outra vez. Lembrei dos que no cais torciam, não mereciam me ver derrotada. Quanto aos que no cais amaldiçoavam-me, estes mereciam menos ainda. Por orgulho ou vaidade, tanto faz, decidi ir com minha tábua até um outro braço de terra. Cá estou. O sol já se põe tornando tudo tão mais frio. Com os olhos mareados, vejo o mastro do meu navio submergir. É meu sonho água abaixo. Por toda gota de sal, por cada raio de Sol, juro que, de sonho e de pó e de lágrima, criarei uma nova nau. E, quando eu estiver a bordo, sem champanhe ou vela pra içar, ainda há de haver sonho. Sem pó ou lágrimas. Só luta e vontade. Só eu, só.




... que não me falte o passo, coração ...



~

sábado, 2 de agosto de 2008

abaixo: beijos, blues, poesia.

Juntei meus dedos indicadores, mostrei-os a Eros e disse: CORTA AQUI. Assim, desse jeito. Já deu pra mim. Não quero mais saber de peito aberto e cara à tapa, cansei de amar. Eu até considero a idéia de alguns segundos de uma paixão desmedida. E, sinceramente, simpatizo bastante com a idéia de alguns vários segundos desmedidos de paixões avassaladoras. Mas, o Amor pra mim [hoje] é somente o alvo de todas as minhas pedrinhas ... e cacos de telhas e paralelepípedos e, pior, alvo de minhas palavras mais duras e certeiras. Na mosca, sem voz de veludo. Não que eu ande por aí mudando de calçada por causa de uma florzinha besta, NUNCA. Muito menos desacreditei da veracidade dos votos que ouvi, NUNCA [dessa vez, um 'nunca' com mais veemência]. Mas é que, como possuir estrelas, não vejo muita utilidade prática em amar. Ah vai, reconheço que tudo é mui poético e ouvi dizer que engrandece a alma. É, é? Então, prova. Não há sorte na fruta mordida e não também não há tranqüilidade no amor. Acordei do lado de Raul, UM AMOR A DOIS PROFANA O AMOR DE TODOS OS MORTAIS. Vá à merda, Cazuza.








~ DeusaMenina /achando que sofrer é amar demais'
válido enquanto durarem os estoques ou até que Ele possa voltar.


              

              

-

no dia em que 'ocê foi embora
eu fiquei sentindo saudade do que não foi
lembrando até do que não vivi

pensando em nós dois.

(8)

      

      
      
Eu quero um
beijo na boca. Gelo e açúcar, por favor.
      
      
      
      

domingo, 27 de julho de 2008

meu soluçar em forma de texto.

~
       
Já dizia Leonardo da Vinci, sobre estar presente, que de nada valem as distâncias espaciais quando só o que importa é estar de um único lado: o de dentro. Eu era onipresente até outro dia. É, como um deus, eu já fui início e fim. Das flores presunçosas, já fui rainha. E, entre as rainhas, eu era deusa. Onipresente. Início. Fim. Lado de dentro. Ciclo vicioso. Hoje sou um compêndio de dúvidas, seis milhões delas. No céu, as estrelas não riem, só brilham. E eu espero a manhã raiar. É que sentir saudades é isso. É, como me ensinou Falabella, não saber-se onde. E eu não sei mais na-da. É ver dias e noites passarem e se perguntar qual é, afinal, a diferença entre ambos. Se é Sol ou Lua, de que adianta saber? Saudade é, sentada numa mesa de bar ao teu lado, não te sentir ali. Saudade é tentar te levar pra qualquer lugar que nos traga de volta aquilo que fomos. Faca e queijo. Saudade é não ter respostas e não cansar de perguntar. Saudade é, entre tantas interrogações, ter só uma dúvida me corroendo a alma:

        
                
        
        
        
Will you still love me tomorrow?
/I like to know that your love this. This know that I can be sure. So tell me now and I won't ask again.
        

        
        


terça-feira, 22 de julho de 2008

/perdiotítulo.

Eu perdi a chave. Estive com ela por todo o caminho. Lembro de andar até o mercadinho da esquina e, entre os versos de uma canção, eu jogava e pegava a chave no ar. Cada vez mais alto, tão mais alto quanto pedisse a melodia e o verso. Lembro de olhá-la, era vermelha - contrastando com o céu, tão azul - e pequena - e o céu tão imenso. Pois. Lembro de tê-la, quando longe das mãos, guardada e protegida no fundo do bolso de uma velha bolsa de lona. Não lembro a última vez que a usei - como chave. Nem mesmo me lembro qual porta ela abria. Não era a do céu; muito vermelha pra isso. Nem mais embaixo; pequena demais. Na verdade, apenas gosto desses dois adjetivos, vermelha e pequena. Soa poético quando menciono o céu em seguida. Da minha chave eu não lembro nada que a defina. Uma cor, um nome gravado, um tamanho específico, forma, nada. Pensei em ligar pra rádio local, oferecer qualquer recompensa pra quem a encontrasse. Pediriam-me pra descrever o chaveiro e talvez eu não saiba. É, eu não vou saber. Tudo isso porque não me recordo de chave alguma. De tê-la tido, de lançá-la contra os céus. Acontece que, vendo tantas portas por abrir, eu só consigo pensar que devia haver uma chave. E eu a perdi. Afinal, perdi tudo.
          
          

sábado, 19 de julho de 2008

Esse cara tem me consumido ...

Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu ... e o meu BAD BAD DAY é TODAY. É a dor do desengano. Tinha cá pra mim que, agora sim, eu havia encontrado quem me daria a mão por essa terra de miseráveis e que tiraria os meus pés do chão quando, pressionada por um peso insuportável, eu pensasse em sucumbir: mentira! E agora é como se me amassassem flores, rasgassem as fotos ... desisto do romance, do cinema ... uma rosa? Nunca. Nunca mais feliz. E eu o amaria todos os dias, sempre igual, doses homeopáticas a cada três horas e de modo intenso quando da hora do regresso de Cinderela. Dele eu aceitaria tudo, de traição à pederastia, tu-do, menos isso que acabo de saber. Passeando entre blogs, eis que uma única frase surge e ainda pisca pra mim: CHICO BUARQUE É TRICOLOR GRENÁ. Qual o quê?! Um homem fluminense é mais do que posso aceitar. (U)


Rá, peguei vocês ;)


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Deusa Menina é FLAMENGO - até morrer'
        
        

sexta-feira, 18 de julho de 2008

faço disso Drama e Dor'

Os índices são alarmantes: 1000 em 1000 pessoas têm INVEJA da felicidade alheia. Mas, nesse meu momento downdowndown, nem noto isso. Que nada! Tenho visto é muita gente cavando sua focinha, indo até o fim e cavando mais um tiquin de nada E, achando pouco, tem neguinho que cospe pra cima ¬¬ . Passemos à analise dos casos:

Caso ¹ Ele está em par, forma com a namoradinha um desses casais encantadores ...e nojentchenhos /argh. É ... desses que [ainda] juram amor eterno blá blá filhos blá blaaá blá casinha branca de varanda. E não é que ele vem, saído dos infernos, dizer que quando terminar quer um texto como esse último que escrevi ?!

Caso ² Ela, nunca foi muito coerente, mas ontem me disse que está feliz, que está amando e sendo amada - te prepara pra bomba- mas que isso NÃO É BOM, que ter tudo que se quer [relação sólida, eu te amo ao pé do ouvido, sogrinha adorável, adinho de-lí-cia] não é o bastante, é monótono, Rai. Faltam altos e baixos, adrenalina - falta perder ... isso sim.

Caso ³
Ele, talvez, também quisesse um beeelo texto. Uma dessas histórias de amor à la Manoel Carlos, com trocentos fins no meio da trama, com um pivô, um drama ... e uma volta gloriosa.


***

Tem que sangrar. Tem que doer. Se não rolar esse quê de amor machucado, não valeu, né poetinha? É que um sorriso em uma foto em branco e preto não é tão poético quanto um olhar de desolação parisiense. Além do mais, que graça tem contar aos filhos que você a amou, ela correspondeu, namoraram, noivaram, casaram, tudo seguindo uma ordem lógica, e aí estão: juntos e felizes, hein? Felicidade não é tema pra blog, não rende comentários, não choca! Tudo isso porque você aí do outro lado não quer saber do sucesso de quem vos fala. Nada, cê quer é se identificar com meus problemas, quer é não se saber só nesse seu luto. Então eu vos brindo com a minha dor, com o sem número de pedaços em que meu coração se partiu, com a certeza de que amar não tem bastado e que as histórias mais bonitas dos amores mais bonitos terminam, por nada, numa quinta-feira cinzenta. Nessas horas, eu agradeço por ter mãos, um teclado, esse diário virtual ... e um dom. Agradeço por te ter do outro lado da tela. Despeje, no local reservado aos comentários, toda sua desventura conjugal, eu quero saber que você veste preto junto comigo, assim parece quase normal fracassar. Porque é bom caber na dor dos outros. Me sinto amparada.



Não vou me desculpar pela explosão, você quis ler.
Abraços fraternos, deusa menina ~





outros pecados

Lilith

Minha foto
25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.