sábado, 28 de fevereiro de 2009

mulher sem razão

& sem talento. Não estou muito certa se o tive, por vezes, me invade uma certeza inabalável: não era meu, era um hóspede em mim - estrangeiro, inadequado, descabido - uma outra alma temporariamente anexa à minha. Aceito relutante que o perdi, sua sensível presença é hoje tão real quanto a dor num membro amputado. A sílaba que ainda soa no tempo é a materialização gráfica do que nem sei se sinto, é a minha própria voz a sussurrar evidências enquanto tange a humildade pra longe daqui. Lembranças são analgésicos que agridem meu estômago, o preço que pago pelas nossas memórias ternas é a dor eterna de saber-me burra. Eu permiti que ele me escapulisse entre os dedos como uma jóia que já não serve mais. Servia. Ele residia em mim como um nativo, cresceu brincando em minhas ruas, meus becos, e encontrou tantos perigos em minhas estradas que abriu só pra si incontáveis linhas em minhas mãos. Eu abri a torneira. Havia um prazer irresponsável na água maculando meus desenhos astrais, eu não soube conter a correnteza. Aposto que, em esgotos de todo o mundo, ratos inebriam-se em espumas flutuantes e escrevem os meus mais lindos sonetos de amor. Eu poderia reclamá-los, ainda que não seja digno tirar-lhes a voz só porque meu pulso mal coordena um lápis. Talvez eu tenha me enfurecido com um anel folgado, arranquei-o dos meus dados e lancei longe, longe e alto. É a mim um acalanto pensar que haja entre as nuvens gaivotas e arcanjos enamorados da minha dádiva. Eu poderia reclamá-lo, ainda que não seja digno tirar-lhes do peito o mesmo amor que eu descudei. Porém, é do alto do meu egoísmo e desespero que peço: talento, volta pra mim! ... eu preciso escrever e respirar como antes.
{...}
Nosso tempo é bom e nem temos de montão,
deixa eu te levar então
pra onde eu sei que a gente vai brilhar.

{...}

(8)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

oferece a outra face ...

Sim, eu quis dançar, sapatear sob a ignorância; hoje, porém, apenas sei que ela tem pés na cabeça e, num auto-esmagar que não cessa, os ignorantes todos tratam de afundar-se na lama que de suas bocas jorra. Quis também que da minha boca aberta escapassem os segredos negros que me confiaram os ignorantes; não é necessário - estes têm línguas feito chicotes e, no vicio do açoite, acertarão suas próprias costas, arderão em calúnia e maledicência. E, mesmo que eu ainda queira esfaqueá-los num golpe de olhar, vejo que estes mesmo ignorantes hão de sangrar cada vez que lançarem seus olhares áridos em campos férteis, como se almejados por lanças bárbaras. Caso não morram apáticos numa hemorragia, que estatelem de febre nos espasmos do tétano.


... mas não esquece o que te fazem.
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Não sei porque diabos falo disso tantos dias após a ferida em mim cicatrizar. Maybe, a minha pele ainda sangre. Eu ainda não entendo de traições, e mesmo que eu venha acrescendo lições sobre perdões ... eu não consigo esquecer, isso não.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

o que eu aprendi com Alice

- in the wonderland:


Posso explicar uma porção de coisas mas não posso explicar a mim mesma.
[lindolindolindo]

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

{meu} Mar:


... sonoro, sem fundo, sem fim ...
A tua beleza aumenta quando estamos sós.
E tão fundo, intimamente,
tua voz segue o mais secreto bailar do meu sonho
que momentos há em que suponho
seres um milagre criado só pra mim!

Lilith

Minha foto
25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.