quarta-feira, 13 de maio de 2009

miro-me no exemplo

Quem dera fosse eu rasa e menor que meus sonhos. Ou fossem pequenos os sonhos e minha altura baixa não procurasse compensar-se em atitude mental dos altos píncaros. Eu queria querer o óbvio e ser boa o bastante, bonita o bastante para merecê-lo e abster-me de qualquer complexidade, qualquer colorido. Eu queria não passar da média e as vezes manter-me a baixo desta, eu queria passar em branco, em brancas nuvens. Ai, se eu fosse leve, vazia, tola e adoravelmente fútil - como as meninas que passam nas ruas em que ele senta. Então eu me entenderia ou não faria questão de fazê-lo.

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segunda-feira, 11 de maio de 2009

Queda-Livre.

Quando se tem como costume - e vício - viver voando, há apenas um problema real a enfrentar. E este passa longe do medo que congela quando tudo lá em baixo parece, e é, ínfimo; apesar de menos constante, é mais fatal que colisões com outros pássaros, aeronaves; é, enfim, pior que despencar lá do alto e encontrar-se em queda-livre, encontrar o frio e duro chão, a fria e dura morte. O que me assusta de fato é, quando em vôos cada vez mais altos, eu subo mais, eu viajo mais, eu bato mais as asas e o coração e, então, caio em mim. Sou eu quem me assusta.


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sexta-feira, 8 de maio de 2009

Possuir Estrelas II

Meu destino...
esse nunca me foi ocultado.
Sempre me foi invejado o futuro
Exacerbaram meus méritos,
e me presentearam com as constelações.

Nunca me foi dada a escolha
Disse eu que gostava de estrelas?
Não! Mas, deram-me ainda assim
Por quanto tempo eu julguei ser tudo...

E durante quanto tempo
Contemplar as minhas estrelas,
sem nunca tocá-las, me bastava...

Me prometeram o mundo
E eu, tola, julgava isso tanto.
Leram as linhas em minhas maos,
mas não se importaram, nunca,
em ler meus olhos.

Pobres coitados!... entregaram o universo
a quem queria o grão de areia.
E, quem pode ter o mundo nas mãos,
só quer traçar seus próprios mapas.
Pobre de mim, me entregaram o universo!

Entregam-me o comando dos mares,
equanto eu anseio por terra firme.
E, enquanto todos me cercam,
eu só quero poder sonhar sozinha.

E quem foi escolhida entre tantos,
não teve a sorte de escolher nada.
E eu, que gostava das estrelas,
Nao as quero mais,
Só por tê-las tão fácil.



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Eu dominava o mundo
Os oceanos se abriam quando eu ordenava
Agora pela manhã durmo sozinho
Varro as ruas que já foram minhas


...foi quando eu dominava o mundo...



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um velho texto pras coisas de sempre ~

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Hilda Hiltz me entenderia.

"Aflição de ser eu e não ser outra. Aflição de não ser, amor, aquela Que muitas filhas te deu, casou donzela E à noite se prepara e se adivinha Objeto de amor, atenta e bela. Aflição de não ser a grande ilha Que te retém e não te desespera. (A noite como fera se avizinha) Aflição de ser água em meio à terra E ter a face conturbada e móvel. E a um só tempo múltipla e imóvel Não saber se se ausenta ou se te espera. Aflição de te amar, se te comove. E sendo água, amor, querer ser terra."


Aflição de não ser autora disso.

Lilith

Minha foto
25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.