quarta-feira, 21 de maio de 2008

Selena ~

Capítulo I, da Criação
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Traçou um perfeito círculo num papel laminado em prata. Pegou a tesoura e foi cortando, cuidando pra que não ficassem arestas, rebarbas, vacilos; deslizava o objeto cortante como se ele tão somente fosse capaz de seguir o tracejado, sem agredir o papel, por assim dizer. Seguia com o esmero de quem sabe estar realizando uma das mais belas obras de sua infinda existência, quiçá a de maior brilho, beleza, magia, mistério. Lembrou-se então de um antigo feito seu, assaz belo, porém inacabado; um papel azul de um escuro sem fim, salpicado por um sem número de pontinhos de luz que sorriam [só pra raros]. Colou então seu novo projeto, colou com uma desses adesivoss que desgrudam sem danificar, afinal, era apenas o teste. Mas era de um brilho imenso, era tamanha beleza, era pura magia e mistério, era tanto que, não havia dúvidas, precisava sê-lo por todo o sempre. Agora, entregue aos cuidados do firmamento, a Deusa a batizou: Lua.
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Capítulo II, das Metades (Eclipse Oculto)
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Eram dois. Duas metades? Talvez. O fato é que eram só os dois e um silêncio ensurdecedor. Ele, perdido em seus próprios pensamentos. Ela, tentando, a qualquer custo, ouvir as palavras que ninguém ousava dizer. Era de um vazio ... E, talvez por não ter o que dizer, mas muito incomodado com o silêncio mordaz, ele apontou paro céu e disse, pau sa da men te: vê lá, hoje ela não quis ser vista em plenitude; ainda assim ... é sua'. Ela, encantada e aflita, permanecia calada, o que poderia dizer? Ele balbuciou mais palavras soltas, um eu te amo e qualquer coisa sobre inocência e burrice, qualquer coisa que tornou o silêncio, antes perfurante, agora, preferível. E a lua lá, depois de guiar navegadores e andarilhos, organizar oceanos, inspirar poetas, agora preenchia o vazio dos amantes que só sabem amar pela metade.
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Capítulo III, de Galileu
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E, no céu de Ícaro, a lua ainda brilha. A Deusa, mãe generosa, entregou sua criação aos homens. Esses, julgando-se donos do que só podem contemplar, presenteiam suas [e]namoradas como se fosse a lua um frio diamante. Essas, contentando-se em apenas contemplar o que a elas pertence, deixam-na no céu e esperam, aflitamente, que a mesma se encha de graça. Dos galanteios à corrida espacial: um passo. E, a passos livres de gravidade, pisaram na lua, fincaram bandeiras trêmulas, profanaram com ciência e ceticismo o que fora um dia dos errantes, dos poetas, dos que amam. Hoje, ela apareceu cheia de si, cheia de ser só um pedaço de papel prateado no céu.
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segunda-feira, 19 de maio de 2008

Chuviscado

- E, de tão completa, trans bor da!

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O céu lá fora é gris, a chuva caindo me convida pra dançar.
E eu vou.
E os pingos de água vêm de cima do céu pra cair em mim ...
descer pelo corpo, por entre a blusa branca e se mistura com
o suor e se mistura com a alma pra lavá-la ... tudo no curto
tempo que sobra entre cair e evaporar /tsss.
E a água empossa o chão da rua e é meu palco.
E eu danço.
E eu canto.
E eu seguro tua mão.
Porque as notas, até mesmo as da chuva no telhado, não me soam
as mesmas quando tu não canta o que elas dizem.
Me convida pra sentir um tango? E elas vem vindo, correndo,
em saltos, porque a chuva é fria quando as mosqueteiras não me
passam calor. Esses dias eu parei pra pensar: eram três,
mas tem D' Artagnan ainda ... e a chuva, quando se junta
ao [meu] Sol, sabe fazer cores como ninguém.
E, esquecendo que a chuva fria também faz gripar,
eu levaria a minha vida pra dançar comigo .. ele gosta
quando eu o jogo pro alto
[como se vindo de mim, fosse tão alto assim].
Ó, a chuva vai afinando, cai uma gota aqui,  ­   ­     ­   outra lá ...
e corremos todos nós em busca dos últimos pedaços de chuva.
Estiou. Hm ... agora um cobertor. Pra que?
Eu tenho vocês.


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Só sei que vai chover, os pingos saem de mim (8)'

domingo, 18 de maio de 2008

Completa.


A começar pelos sonhos. Esses foram os primeiros encaminhados ao almoxarifado. De ontem em diante, voltei a pensar o que eu sempre soube: um dia, qualquer dia ... é hoje; fui e desenhei meu primeiro sonho, e é com se ele sempre tivesse estado comigo, foi apenas uma formalização burocrática. Hoje, em definitivo, eu ando sobre o meu sonho, ele se deita aos meus pés [Ad Infinintum]. Quanto ao sonho number two ... hm ... esse falta saber qual é. Mas, entre todas as dúvidas, fica a certeza plena de lutar até o fim pra chegar onde quer que eu deseje estar. Força e capacidade para tanto não hão de faltar. E, enquanto eu tentava pôr pra dentro o que faltava, havia qualquer coisa impedindo, qualquer coisa forçando as paredes, travando a garganta. Dois dedos na garganta, oito no teclado, cada letra vomitada, cada parte de tudo que eu pensava foi dito: não preciso pensar mais! Não é ódio, é nojo. Era. Hoje é me sentir leve, é estar livre de tanta lama, tanto peso. Completa, então? Não, não ainda. Faltava alguém naquele apartamento, faltava aqueeela pessoa a quem eu quis ligar quando o tatuador disse 'olhe, está pronto'. Eu quis acreditar que teu jeito não me acrescentava, mas eu perdi um pouco de mim em todo esse tempo que não a tive. Passou. Enfim, completa. Plena no desejo de dizer sim aos meus desejos, de mergulhar de cabeça [me atiro do alto]. De arcar com meus erros, de pagar meus preços, assumir meus pecados [que me atirem no peito]. Agora só paro quando alcançar o infinito com a palma da mão [da luta NÃO me retiro].
Mas eu tô taaão feliz, dizem que o amor atrai.

sábado, 17 de maio de 2008

Não me nada.

... deixa pra lá!


Eu vou, Adeus.
Meu coração já se cansou
de fal si da de ~

Lilith

Minha foto
25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.