quarta-feira, 21 de julho de 2010

um relicário imenso

que eu cumprisse o que propõe o título sem verbetes, seria o ideal. que meus olhos entregassem a decupagem deste roteiro e que, para tanto, fosse prescindível o abrir e fechar da minha boca - que você me entendesse muda: é pedir demais? é drama, você diz. eu então fecho as cortinas e sorrio meu sorriso bobo de quem foi pega tirando meleca do nariz. tenho cinco anos três vezes ao dia e é bom. só assim dispo esse casaco-escudo, esse vestido-longo-comportado-preconceito, essa calcinha-pudor e todo um guarda-roupa-asneiras que angariei buscando maturidade. que você me entendesse nua: eu quero, demais. mas você é do tipo que faz amor de calça jeans, e eu li antes de assinar o contrato.

meus olhos me entregariam sem chance de mal entender, labirinto sem esquinas. você vai se perder, não vai me entender, vai ler queixa e me ver cuspi no prato que comi - e comeria, eu queria {...} até o mundo acabar, até morrer -, você vai vestir meu casaco, meu vestido, vai queimar minha calcinha. e eu não queria. você vai dizer que é fácil, era só não publicar o tal relicário. mas eu ainda espero as letras miúdas do teu contrato - ou as grandes letras em teu outdoor - que vão prometer entendimento mútuo. não me queixo, só peço que me encare a mim sendo só você. sem calcinha, sem ressalvas. sem verbetes.


{...}
milhões de frases sem nenhuma cor'
~

sábado, 17 de julho de 2010

Ciclo, o original

Escrevi pouco enquanto te vivia - porque fui feliz, porque estive em paz. Apenas a inquietação me envolve em letras e só o meu coração, quando em batedeira ou liqüidificador, dá cadência e tom ao que eu já não sei dizer. Escrevo só se não sei dizer, aliás. Na tua pele, não cravei meu léxico a unha, tratei de apagar com saliva qualquer linha que as palmas de minhas mãos traçassem. Sequer li dos jornais os cadernos de meteorologia. Soube que, teimoso - bem ao teu modo -, o nosso tempo surpreenderia em tons pastéis os que previram céu negro se você chegasse frente-fria. Outonal, tudo era prelúdio de um inverno tenro e você chovia em mim sempre que eu me abria em veraneio.


sexta-feira, 16 de julho de 2010

sem título.

palavra-cruzada sobre o livro de história, eu não consigo dormir. mas não rolo na cama, não desforro o colchão. (re)movo montanhas com o pensamento, com a mesma força sobre-humana que destelho o forro do quarto para enxergar além do céu. fecho os olhos, guarda cometas lá bem dentro. encaixoto e almoxarifo o brilho e o calor que lá fora a chuva lava. lixiviar: é a lição que a água me ensina - sobre levar, sobre seguir, ou sobre seguir e levar. enquanto voltam à terra as coisas do ar, eu ainda sinto medo e frio. me pego na contradição que é roubar o fogo do rabo de uma estrela cadente e ainda precisar de dois edredons. tudo é antítese, dicotomia, dialética. tudo é pela réplica do meu corpo no espelho sem molduras. tudo é pelo meu corpo de outra cor, outra forma, outro cheiro. e eu esfrego os pulsos no travesseiro exorcizando memórias olfativas. almíscar. ou o oposto, aliás: é o cheiro ruim que fica do que era pura essência, fumaça alta do fogo que já não há. cruzo palavras dentro dessa história, eu crio insônias.


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Ciclo.

Escrevi pouco enquanto te vivia - porque fui feliz, porque estive em paz. Apenas a inquietação me envolve em letras e só o meu coração, quando em batedeira ou liqüidificador, dá cadência e tom ao que eu já não sei dizer. Escrevo só se não sei dizer, aliás. Na tua pele, não cravei meu léxico a unha, tratei de apagar com saliva qualquer linha que as palmas das minhas mãos traçassem. Se quer li dos jornais os cadernos de meteorologia. Soube que, teimoso - bem ao teu modo -, o nosso tempo surpreenderia em tons pastéis os que previram céu negro se você chegasse frente-fria. Outonal, tudo era prelúdio de um inverno tenro e você chovia em mim sempre que eu me abria em veraneio. Há dias, eu preparo as pétalas desse texto, como a primavera abre sua primeira rosa, poucas linhas de um livro mosaico que eu quase tirei da estante porque hoje seu solo é seco, infértil e o teu vento frio não sopra em mim qualquer vontade de semeá-lo. Espero que retorne a vontade - de plantar letras, de colher você -, que o tempo seja propicio e prospero e que esse texto e todo o resto não seja uma tempestade de força vã. Que não demore.

~

terça-feira, 6 de julho de 2010

'amadurecência', por Frida

algum tempo atrás, talvez uns dias, eu era uma moça caminhando por um mundo de cores, com formas claras e tangíveis. tudo era misterioso e havia algo oculto; advinhar-lhe a natureza era um jogo para mim. se você soubesse como é terrível obter o conhecimento de repente - como um relâmpago iluminando a Terra! agora, vivo num planeta dolorido, transparente como gelo. é como se houvesse aprendido tudo de uma vez, numa questão de segundos. minhas amigas e colegas tornaram-se mulheres lentamente. eu envelheci em instantes e agora tudo está embotado e plano. sei que não há nada escondido; se houvesse, eu veria.

' a juventude plena e sem planos se esvai {...}
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segunda-feira, 5 de julho de 2010

do Amor Inabalável

é a força antiga do espírito virando convivência de amizade apaixonada. sonho, sexo, paixão - vontade de gêmea ficar e não pensar em nada. planejando pra fazer acontecer ou simplesmente refinando essa amizade, eu vou dizendo na sequência bem clichê: eu preciso de você. mesmo que a gente se separe por um tempo ou quando você quiser lembrar de mim, toque a balada seja antes ou depois, a eterna love song de nós 2.

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Lilith

Minha foto
25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.