quarta-feira, 26 de novembro de 2008

vou lá ... andar'

por entre ruas eu vou perdendo passos. descarrilho, parto bússolas, rasgo mapas; mas não me perco. em cada légua desse caminhar, eu fui minha e estive comigo. inclusive enquanto a outros me doava e apesar dos membros amputados em emboscadas - tecidos mortos, dispensáveis - cá eu estou: inteira. ainda que eu ande em círculos (voltas e voltas em torno do meu umbigo), nunca estiveram tão ao meu alcance todos os meus sonhos e planos. melhor eu sou. imensamente mais feliz, talvez, eu não me sinta; porque é também minha companheira a ânsia burra de viver não só de mim, de correr em bando. os outros aos quais me dôo - e me nego - são, enfim, meus próprios pedaços soltos, células-filhas a brotar em outro corpo. sei que não faço metade do que me proponho, porém já proponho e faço. e você?
perde seus passos no caminho de me esquecer.
não sabe que esta trilha, meu bem, finda aos meus pés.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

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eu não tenho tempo.
eu não sei voar.
dias passam como nuvens
em brancas nuvens eu não vou passar.

(8)

/issoéumjuramento


~

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

           

     
     
   
senta aqui, espera que eu não terminei!
...
não há ninguém capaz de ser isso que você quer
- vencer a luta vã e ser o campeão -
pois, se é no 'não' que se descobre de verdade,
o que te sobra além das coisas casuais?
me diz se assim está em paz
achando que sofrer é amar demais (U)(8) ~


     
     
     

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foi tudo ilusão passageira
que a brisa primeira levou?



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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

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So,
why are we strangers
when our love's strong?
Why carry on without you?
And evertime I try to fly
I fall without my wings.
I guess I need you, baby!



~

alpondra ~


pedras que ligam canais, rios, margens ... pontes por excelência.
quem me eleva e não me deixar tocar os pés na lama!

uma honra.

meu artista favorito: Juka Lordello.



sábado, 15 de novembro de 2008

sobra tanta falta

Já não falo em saudade, nem ao menos sei sobre o que verso. Queria eu hoje falar dos sonhos e dos planos, do caminho, dos portais. Porém são os meus olhos abertos quem redige esse texto. Não é da vista que reclamamos - eu e meus olhos. É a língua que, cansada de se fazer entender, entrou em greve; já não explica o que não entende: o mundo, o mar, o grão de areia. As mãos que hoje estão enlaçadas às minhas são, sim, dignas do posto que ocupam. Mas, quando as minhas mãos estão suadas, quando as pernas - tremendo - não sustentam meu corpo, são outros os colos, outras as vozes capazes de sossegar meu coração. Nada do que me obrigam (entre todas as coisas que me disponho a fazer) dói ou é mais difícil do que me explicar. Ontem uma flauta soou triste, a roda - nunca tão viva, nunca tão áspera - só cantou pra mim. Ninguém ali viu a única lágrima que derramei. Ninguém ali saberia o quanto de mim é roda, é viola ... é roseira.



é o que sobra quando não há redomas
por favor, borboletas, não demorem tanto assim.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Recado ao sr. 903

Vizinho - Quem fala aqui é o vizinho do 1003. Recebi, outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava do barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal - devia ser meia-noite - e sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se o não fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor, é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita, pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a leste pelo 1005, a oeste pelo 1001, ao sul pelo Oceano Atlântico, ao norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 - que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão, ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45 e explicarei: O 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua em que ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas - prometo silêncio......mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta de outro e dissesse: ´Vizinho, são 3 horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou.´ E o outro respondesse: ´Entra, vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho! Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a vida é bela´.E o homem trouxesse sua mulher e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.
... e o sonho de Rubem Braga é, também, o meu.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

ai, amor

Quis chegar até o limite de uma paixão

Baldear o oceano com a minha mão

Encontrar o sal da vida e a solidão

Esgotar o apetite, todo o apetite do coração

miragem minha, minha linha do horizonte,

é monte atrás de monte, é monte, a fonte nunca mais que seca

Ai, saudade, inda sou moço,

aquele poço não tem fundo,

é um mundo e dentro um mundo e dentro é um mundo que me leva…
(8)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pedrinha.

Hoje eu não quero escrever, preciso. Em cada palavra eu me vejo; não é doce ou macio, é apenas absolutamente bom, porém não há entre as supra-citadas qualquer relação harmônica em métrica, ritmo, rima - eu já não soo bem. Há só um imenso receio de me fazer entender triste e fria, há total cabimento pro gelo, não pra lágrimas. E é este espelho de mim que eu não reconheço, porque eu sempre chorei ... morte na família, fome na África, holocausto, inquisição, unha quebrada, dor de cabeça, orgulho ferido, uma palavrinha mais áspera etc ... dessa vez, não. Hoje eu não quero escrever, preciso falar sem lirismo. Mas sou digressiva, indireta, simbolista, eu sou impossível. A trilha mais retilínea ao que eu sinto é: eu tinha dois castelos no meu quintal, hoje só há um. O que ruiu era a morada dos meus sonhos, meus planos, a certeza que eu tinha de levar comigo o que me é, realmente, eterno; era um belo castelo, erguido sobre as nuvens do meu quintal. O que ainda está de pé é igualmente lindo, e não tão mágico; feito de pedra, são minhas certezas esquecidas, minha garra, força e obstinação - da minha janela, eu o admiro todos os dias. Talvez, pegando uma régua, eu te diga melhor: eu, sem questionar meus planos, os vi cair por terra ... e eu nem olhei pra trás. E eu me sinto frio pelo recado que eu finjo não ter lido, pelos textos que eu não 'respondo', pelas mensagens que eu apaguei, pelas noites que eu dormi sem chorar, sem virar na cama. Eu ontem lembrei de tudo e fiquei mal ... na fila da padaria, olhando um chocolate. E quando me perguntam o que eu plantei, eu só não sei o que eu colhi.
 
 
 
 
P.S.:
Peço a compreensão de todos que não me decifraram...
Relaxem, seria pretensão demais - o entendimento, nem eu alcancei.
 
 
 
 

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

  

o pé quer se enfiar na tábua, sem esquecer a fé.
os dedos já apontam no horizonte uma rota pra seguir.
as flechas se jogam do meu arco, as vejo alcançar o alvo.
mas a alma quer descansar.
pode ser que eu me entregue, que eu lute, que eu vença.
só não sei se isso é agora ou se é depois.
será?  
  
  
  
não[,] espero mais
  
  
  

domingo, 2 de novembro de 2008

fora tudo mais que eu penso.

Terminava fevereiro - meu mês das desventuras - quando te vi e soube que era você, profético assim. Além, muito além do que eu sempre supus ser amor, havia o que agora me dominava. Avassalador, cinematográfico e efêmero, nosso amor terminou, mal teve tempo de ser. Dei a mim um mês de calmaria até que a saudade se fez mais presente que a dor, o desprezo ou a raiva que eu sentia. A essa altura, eu já não botava fé naquele amor primeiro, imaculado. Mas, ingênua, eu quis crer num amor maduro, o qual tudo supera. E então entendi que alguns preços vêm embutidos nesse negócio de amar. Preferi pagá-los. No cheque especial, já sem amor ou mesmo um lenço, eu desci da calçadas das flores, gargalhei do grande amor. Verdade, juro! Mas isso é vestígio da mágoa dos mal-amados, é amor ressentido, ofendidinho. Só me dei conta da cura quando o relógio badalou doze vezes e eu não o tinha lembrado por um segundo sequer - nem seus beijos, nem seu adeus. Então, descortinando toda a aura poética e exageraada eu lembrei do quanto ele era ... hm ... interessante. Era só o que sobrou do amor: um telefonema, um desejo, um beijo, sem mágoas ou planos, sem 'amanhã de manhã' [?]. Um outro amor ameaçou surgir, abortei o plano - incocebível demais. Foram bons tempos, o pseudo-novo-namoro e a recém-solteirisse, e eu dizia '...meu ex...' tão por dizer, taaaaão distante da minha realidade. Hoje, como meu mundo em stand by [*], eu reconto nossas histórias poéticas e monto cenas (minha maaaior ficção de aamooô oow), e qualquer coisa meiga vem me dizer que nada nunca vai se comparar ao que vivemos. GRAÇAS A DEUS! Porque esse amor todo foi pura falta do que fazer.
  
  
  
  
[* faltam duas semanas pra UFBA e pra Ju chegar - e pra outras cositas também].

Latente

Estranho ouví-la falar de como fomos felizes - como se nunca o tivesse percebido, como se já não fossemos. Estranho é concordar. É quando a frase soa como sentença, e eu sigo pela orla como se não houvesse onde chegar. E o sol - pão de cada dia - hoje, tímido, não quer se mostrar, se escondeu atrás de uma nuvem; é a própria nuvem, preguiçosa e estática, esconde o sol, encobre o céu e pinta o mar num sem cor sem fim; é o mesmo mar ressaqueado tragando pra si toda as histórias contadas na areia, tornando lisa a praia antes coberta dos passos que demos; É o nosso não andar. Deceparam nossas pernas, nossos sonhos ou é a vontade que se extiguiu? NRA.

Lilith

Minha foto
25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.