sexta-feira, 20 de março de 2009

Tutorial: COMO SER F E L I Z.

Acorde. Ou você não passa na UFBA. Acorde com um sorriso. Reciprocidade: eis o caminho. Cinismo: eis o atalho. Lave o resto. Lave o corpo. Limpe a alma. Demore. Só abra a porta quando o silêncio for a certeza da sua segurança emocional. Se tranque. Abra um livro. Aleatoriamente. Apenas abra um livro. Leia. Transcreva o que aprender. Por certo, outras coisas virão à cabeça. Transcreva. Intensamente e de modo fiel. Olhe o relógio. Note como o tempo se arrasta. Observe a dança lenta dos ponteiros entre um número e outro. Perceba que, na tormenta, os deuses te dão mais tempo pra pensar. Não pense. Lembra: as horas passam - elas só não cessam. Vista-se, evite as roupas pretas. Vista também um sorriso. Lembra: a dor é sua, só sua. Não almoce. Não adianta. Põe os fones no ouvido - a barreira mais eficiente contra o mundo lá fora. Alguns preferem LSD, mas FM sai mais em conta. Desce. Aproveita o bônus da operadora. Liga pra um amigo. Você não vai ter nada pra contar, não há nada em sua vidinha. Mas liga. É bom saber que há alguém ouvindo. Nessa hora, eu só penso em poder parar. EU SÓ PENSO EM DIZER 'NÃO'. DEPOIS PENSO NA VIDA PRA LEVAR ... Leve o menino na escola, ele vai te dar um boa tarde doce. E lembra: é essa a tua sorte. Caminha até a tua escola, ainda com os fones no ouvido. Talvez ligue pra outro amigo, talvez não. Evite encontrar conhecidos. Cumprimenta gentil e educadamente desde o segurança lá no portão ao colega lá na última carteira da última fila. Lembra: eles respondem, e isso é raro. Reza pra que as horas não passem. Reza pra ter aula extra. Reza pra não precisar sair dali. Reza. Reza pra que exista alguém pra ouvir. Reza pra que ouçam. Reza, porque o sábado já vai chegar. Volta pra casa. Mais uma vez, ponha os fones. Tente visualizar seus amigos numa roda de violão. Tente se sentir abraçado. Tente imaginar que tá tudo bem. Lembra: só assim vai estar tudo bem. Nas piores horas, lembra: daquela micro-estrutura estelar (L). Roda a chave, abre a porta e dá boa noite às paredes. Ao microondas. Ao sofá. É preciso ser educado com quem te faz companhia. Liga pra casa. Finja estar bem. Nos dias mais difíceis, ao menos prometa ficar bem. Feche os olhos. Essa vai ser sempre a pior hora. Não chora. Durma.


eu quero é tocar fogo
nesse apartamento.
vocês não acreditam.



soundtrack, você não entende nada/cotidiano.
lembra: não as ouça. não chora. durma.




Raisa Andrade, Salvador, 5 de abril de 2008.

sábado, 14 de março de 2009

  



  


 



não
estoumaisinteressadanoquesinto.


  


  


'nada' é NADA mesmo.

quinta-feira, 12 de março de 2009

{...} enquanto dure.

Se eu soldasse o fundo de meus pés nesse azulejo, talvez, eles não corressem mundo como me pede o instinto. Então eu lançaria meus desejos à alcova e os vigiaria sem trégua. Um dia, fugindo dos sonhos, meu corpo se entregaria ao sono e a minha alma - abdicando ao conforto das algemas - estaria duramente livre, concedendo aos meus desejos reféns o direito de ir, de vir, de não voltar. E, ainda que eu pregue minha língua rente ao céu da boca e costure meus dedos uns aos outros, as palavras continuariam a escapulir pelos meus olhos abertos. Não me cabe aterrar o oceano, dar limites ao infinito ou optar pelo mais sensato, seguro, pelo digno. Me solto ao sabor do teu sopro, escalo e revolvo teu vulcões, escorrego de alto a baixo, estou íntima de tuas células e aura. Hoje eu vim só pra te contar das flores lindas que eu vi brotar justo onde você andou plantando placas. É, paixão, alguém bloqueou o verbo PARAR.



POSSO BRINCAR DE ETERNIDADE AGORA,
SEM CULPA NENHUMA.

Benditas coisas que não sei, os lugares onde não fui,
os gostos que não provei, meus verdes ainda não maduros,
os espaços que ainda procuro, nos amores que nunca encontrei,
benditas coisas que não sejam bem ditas.

♪♪


quarta-feira, 11 de março de 2009

carta a um porre.

Bem que hoje eu poderia falar sobre quão mais interessante parecia ser você enquanto eu me inebriava, poderia também te contar dos passos que dei entre o wisky e o inferno. Porém é preferível deixar o encantamento e o mapa da mina para outros contos, dessa vez eu falo só do que realmente vale, da realidade que se faz óbvia ao fim de um porre. Eu quis embriagar-me seguindo outro rumo, com o mal-estar abrindo a cena e o prazer bem ao fim, como palma e prêmio por ser capaz de persistir em seus excessos. Mas acontece que, ainda ébrios, não nos ficariam claras as grandes lições que só se encontra no fundo poço que aquele vinho cavou – só se vê bem na ressaca, a verdade se esconde dos sóbrios crônicos e dos bêbados (quando ainda/sempre bêbados).

Você foi minha cachaça, parte dos meus risos soltos e da minha insanidade alcoólica - a parte tola, vulgar e inconseqüente - e hoje essa sua imbecilidade é a glicose que eu me injeto. Não me esquivo da culpa, apenas permito que o séqüito de besteiras que fiz me invada, martele minha cabeça e garanta assim que eu não vá esquecer dos tombos. Eu apenas esquivo da pedras no chão, das pedras que caem de tua mão antes de alcançar meu corpo pequeno {motivo pequeno, pessoa pequena}. Há ainda nos teus atos algo que me agride, passa longe do ciúme ou dos incomodos que você crê causar. O que me enlouquece e me dói é ver que estive perto de ser assim tão ridícula. Ridícula como só você sabe ser.

Movida pela pena que sinto, te empresto umas últimas palavras bacanas, últimos conselhos, pois vejo que já não há amigos, já não há mãos que te segurem. Dos muitos que te rodeiam, poucos permanecerão aí ao fim da tua farra. Escolhe bem as pessoas a quem grita que ama, não ame pra me ferir, ame de verdade - você sabe como, e não se abra em bandas pro mundo, pra todo mundo. Passe bem, mas vá à merda!

Beijnhos :*

___________________________________________

a loucura finge que isso tudo é normal

eu finjo ter paciência!

♪♪



terça-feira, 10 de março de 2009

friday, I'm in love.

Não nego, sexta à noite eu me deliciei, deitei e rolei no teu 'porém', ri da tua cisma, pus tuas queixas no chão e fiz um samba-canção com tua frase predileta. Te vi despir-se de tudo que te mantinha tão não-meu: tua santidade inabalável, a imagem da minha própria, tuas leis, teus padrões, essa tua luta contra coisa alguma. E assim eu pude enfim te ver completo, você é mesmo o arcanjo mais estranho desse céu. Quanto mais simples me parece, mais surgem pra ti vírgulas, fugas de tema, confusões de contexto. Sexta à noite eu estive fluente em teu idioma, mas ao passo que os dias passam eu tropeço neste dicionário que eu escrevi pra te entender, pra te encantar. Pelo ralo, a água do teu chuveiro ainda aberto leva embora todos os verbetes, as frases feitas, as gírias ... e só me resta dizer 'boa noite', corta-clima assim. É que hoje já é terça-feira e eu quero falar a minha língua.


pas d'inquiétude; pas de prélude

sexta-feira, 6 de março de 2009

Você Não Me Conhece.

Eu vou te contar que você não me conhece... E eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve! A sedução escraviza a você. Ao fim de tudo, você permanece comigo, mas preso ao que eu criei e não a mim. E quanto mais falo sobre a verdade inteira, um abismo maior nos separa. Você não tem um nome, eu tenho. Você é um rosto na multidão e eu sou o centro das atenções. Mas a mentira da aparência do que eu sou é a mentira da aparência do que você é, porque eu não sou o meu nome e você não é ninguém. O jogo perigoso que eu pratico aqui, ele busca chegar ao limite possível de aproximação através da aceitação da distância e do reconhecimento dela. Entre eu e você existe a notícia que nos separa e eu quero que você me veja a mim. Eu me dispo da notícia e minha nudez parada te denuncia e te espelha. Eu me delato, tu me relatas ... Eu nos acuso e confesso por nós. Assim, me livro das palavras com as quais você me veste.

Fauzi Arap

terça-feira, 3 de março de 2009

ouça

porque o vento nunca mais vai cantar assim :

é você que tem, nas tuas mãos, meu choro de mulher. tem meu ser, meu sonhar, o que quiser! é você que tem o colo que eu deito e descanso. é tão teu meu coração aflito e manso. é você que é o homem meu, meu grande amor da minha vida. é só teu o gosto da minha mordida. é você que tem na pele a luz, cor da coisa mais segura que eu já vi formar na mácula escura.

Lilith

Minha foto
25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.