Não nego, sexta à noite eu me deliciei, deitei e rolei no teu 'porém', ri da tua cisma, pus tuas queixas no chão e fiz um samba-canção com tua frase predileta. Te vi despir-se de tudo que te mantinha tão não-meu: tua santidade inabalável, a imagem da minha própria, tuas leis, teus padrões, essa tua luta contra coisa alguma. E assim eu pude enfim te ver completo, você é mesmo o arcanjo mais estranho desse céu. Quanto mais simples me parece, mais surgem pra ti vírgulas, fugas de tema, confusões de contexto. Sexta à noite eu estive fluente em teu idioma, mas ao passo que os dias passam eu tropeço neste dicionário que eu escrevi pra te entender, pra te encantar. Pelo ralo, a água do teu chuveiro ainda aberto leva embora todos os verbetes, as frases feitas, as gírias ... e só me resta dizer 'boa noite', corta-clima assim. É que hoje já é terça-feira e eu quero falar a minha língua.
pas d'inquiétude; pas de prélude