sexta-feira, 29 de agosto de 2008

(ela disse assim ) A Teus Pés :

Eu viro pro lado e durmo. Já não rolo mais na cama, não amarroto lençóis, já não desforro o colchão, você me dá sono. O que antes me mantinha acordada, olhos postos nas constelações, hoje me cansa. Eu já não choro - não há desespero em vão - tão somente desligo as estrelas, abro os sonhos e durmo. É bem verdade o que dizem de mim, dos meus extremos e dos meus dramas, do meu mundo de ilusões. Mas de que vale passar tanto tempo, cabeça baixa catando penas ,se você as guarda numa caixa de papelão? Se você pretende enterrá-las bem embaixo do peito, me diz, de que vale catá-las? Viver é bom. Estes são nosso primeiros passos, que custa tocar o asfalto com o pé direito e fingir que são pedras amarelas? Não gosto do teu lado esquerdo, esse pote de tinta cinza em tuas mãos, teu complexo de pégaso preso ao arado, teu olhar quando ele me diz 'jura, Raisa' e esse tua nova obsessão pela realidade. Por isso eu fui embora, porque eu tenho asas. Te deixo a cópia de meus mapas e um par de asas bem grandes - teu corpo está pesado demais! E, entregando o alvo de todas as setas, eis o nosso destino, o roteiro, o 'x', o fim da estrada: vamos pra Babylon [?] ~ baby, baby, Babylon' Vê se não demora, não tem graça sem você. /Sem o Meu Você.



Q u e o C é u S e j a A q u i
  
  
  

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O Processo

Existem milhões de insetos almáticos. Alguns rastejam. Outros poucos, correm. Hoje, eles todos - todos quadrados - rodam por dentro de mim. São borboletas no estômago. Formigamento na alma, na palma da mão ... pelo avesso, caminhos avulsos. Traças no meu juízo, já não resta uma fibra sequer. Aranhas na garganta, engendram teias nas cordas vocais. Rastros de peçonha em minha língua, venenosa estou. A púpila, um ponto preto, um ponto aceso; vagalumes num mirar. Baratas têm cheiro e me invadem os pulmões. Nalgum canto de parede, há um caco de Kafka a me observar. Se abro a boca, a cigarra se põe a cantar. Já não trabalho, e o inverno há de chegar. Com frio. Sem sangue. Sem voar. Exceto as tanajuras sem sonhos, invasoras dos meus. Lá levantaram acampamento - LATIFÚNDIO IMPRODUTIVO, declararam. E eu não ouvi. É um chiar de mosquito no pé do ouvido. E o meu mel, as abelhas vêm buscar. Pelo cabelos, entre os fios e se esfregando no couro, piolhos-de-cobra. E as minhas pernas enrolam-se feito gongolos. Não ando. Não caio. Não passo. Perambulo feito maribondos. Moribunda. Tornei-me eu um habitat. Não sei se me habituo. Se finjo que insentos já não há. Se encho a cara de Tequila. Geléia real. Baigon. Da larva à pulpa à coisa toda adulta. Metamorfose. São mudas. É este o meu casulo pessoal.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

             

      
          
e ao coração que teima em bater:
AVISA QUE É DE SE ENTREGAR O VIVER ~
      
      
      
      
      
      
      
      

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Saudade de tu, meu desejo.

Nenhum beijo de mel em especial. É só saudade de desejar. Sinto falta de textos melódicos e melados, das lamúrias, declarações e de todas as vezes que aqui eu disse 'nunca mais'. Falta de um toque único para quando ele ligar, porque, sim, sinto falta de esperar por ligações e por uma voz no pé do ouvido, ainda que virtual. Falando nisso, faz falta o frio na barriga quando sobe a plaquinha de avisos no msn. Saudades de implicar com coleguinhas da faculdade, recados e depoimentos. Saudade de comparar flores e declarações. Saudade de ver meu nome, ao lado de um 'te amo', assinado em cada folha de cada matéria nos cadernos dele, inclusive na página de adesivos e na pasta plástica, claro. Faz falta reconher, ou não, um perfume. Faz falta pensar que é ele quando um outro, com o mesmo perfume e marca de cigarros, passar por mim. Sim, sinto falta de reclamar da fumaça. E também do fogo. Não que eu reclamasse muito. Voltando às faltas ... fazem falta fotos, cartões, cartas pra não serem entregues. Faz faltar querer andar na rua de mão dadas, querer exibir um novo troféu. Não é sobre ter um troféu, é só sobre querer. É que me faz falta o amor e eu não quero amar agora. Nada sobre estantes e presenças, é só sobre querer, e eu não quero. E as canções têm tocado sem me tocar, isso é tão triste. Nenhuma letra me diz muito, as melodias já não me derretem e nem mesmo Chico me arranca uma lágrima ou arrepio. Ou, talvez, hoje eu não vá mandar Cazuza à merda. Se ele tocar pra/em mim ...



" ...
Se todo alguém que ama, ama pra ser correspondido;
Se todo alguém que eu amo é como amar a Lua, inacessível;
É que eu não amo ninguém, parece incrível.
Não amo ninguém. E só amor que eu respiro ~
..."









sábado, 16 de agosto de 2008

caros amigos

Para mim, atualmente, companheirismo e lealdade são meio sinônimos de felicidade. Meus amigos são muito fortes e muito profundos, são amigos de fé, para quem eu posso telefonar às cinco da manhã e dizer: olha, estou querendo me matar, o que eu faço? Eles me dão liberdade para isso, não tenho relações rápidas, quer dizer, tenho porque todo mundo tem, mas procuro sempre aprofundar. E isso é felicidade, você poder contar com os outros, se sentir cuidado, protegido. Dei esse exemplo meio barra pesada de me matar....esquece, posso ligar para ver o nascer do sol no Ibirapuera às cinco da manhã. Já fiz isso, inclusive. (Caio Fernando Abreu)


Talvez o Sol não nasça tão belo no Ibirapuera quanto nasce nas bandas de cá, ao som dos violões ... ao som das nossas vozes, aos berros, cantando 'e o amanhã, cadê', enquanto nossos dedos apontam pro borrão laranja que já sobe lá no céu; como se aquele sol nascendo fosse a renovação de todas as nossas promessas, um brinde as nossas almas sempre sedentas por viver. Minha vida e minhas forças vão se erguendo a partir de momentos fortes assim. De todas as lições que passarei à minha filha, a maior será essa sobre como conquistar e dispôr em sua volta pessoas tão especiais quanto essas que eu tenho, meus amigos. Porque eu simplesmente sei que toda a humanidade seria melhor de ouvisse seus risos, se conhecesse vocês.



Aos companheiros de violão; aos coleguinhas do Sonho, cresci com vocês; aos colegas de Cruz e de Feiras das Ciências, aprendi com vocês; aos que me deram a mão no Sartre e no Lavoisier; minhas famílias adotadas (Moraes, Silveira e Souza); Victor, o melhor e mais especial; às minhas melhores amigas ( mamãe, vó e Luli; e Juju, Candy, Paulinha, Dí, Dan, Juli S., Édille e Man.) :

obrigada, não sinto falta de NADIE, tenho vocês.
~

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

of only eighteen

Eu andei alheia a rua. As minhas linhas pontilhadas, o meu caminho das pedras amarelas, minha rota de migalhas de pão, meus mapas do acaso ... nada parecia poder me levar a lugar algum. Notei que eram as minhas pernas quem recusava se mover. E vi como era tolo e vil o desperdício da sorte. O infinito esperava por mim, uma porção de coisas grandes a conquistar e eu aqui, parada. Lembro que, apagando as velas em meu oitavo aniversário, eu disse: só faltam dez /suspira. Eu pensava em mim na faculdade, cabelo preto (tatuagem no pescoço, um rosto novo ... ♪), feminista convicta, pegando ge-ral [6]. Desisti do direito, perdi no vestibular pra jornalismo, descobri que é bacana ser loirinha e tô esperando o meu exemplar exclusivo dos príncipes encantados - enquanto me divirto com os lobinhos /daleclichê! E eu confesso, a-bes-ta-lha-da, não estou nada decepcionada. Eu era taaão menina ... a rampa da garagem parecia um tobogan, a Cofel era um shopping center mesmo antes da reforma e o coreto da praça era tão gigantão. Não que eu tenha crescido muito ou visto grandes monumentos, mas, do tamanho da minha alma e exergando o horizonte distante, eu sei que sou um tanto bem maior! Eu sou o abraço dos meus sinceros amigos - dez cabeças ... mas não tem outras mais bonitas no lugar - eu sou o que minha família construiu, a menina da minha mãe, o sorriso de Gabi e continuo sendo o orgulho do meu avô. Hoje, quando eu for assoprar as velas do meu décimo oitavo aniversário, vou sem me dar prazos, vou sabendo que ainda hão de vir vários dez anos, que ainda há toda uma vida. E meu primeiro pedaço de bolo, esse ano, é toooodoooo meu.


"Ela é uma linda rainha de apenas dezoito ... e ela será amada"
marron five, She Will be Loved


-

todo o grande amor ainda é pouco,
ainda é nada, eu vi
amores que jamais verei
meninos, eu vivi

amei mais do que pude

eu fiquei cega de paixão

{...}

juro que, um dia, eu vi um homem ser feliz.





_____(8)

domingo, 3 de agosto de 2008

do mar e de mim



É que eu quis abrir os Oceanos. Mil rotas eu tracei, planejando descobrir e conquistar novos mundos. Construí aos poucos a minha embarcação. E, num fevereiro, estourei champanhe, icei as velas e parti. No cais, os que torciam, o que choravam, os que só foram ver, os que eu sentiria saudade e os que me desejavam sereias, serpentes, iceberg e tormentas. Venceram os últimos. Naufraguei no litoral. Por nada e há poucas milhas do porto que parti. Boiando sob uma tábua rasa, eu via o velho farol. Calculei que, sem muitos esforços, poderia voltar e começar tudo outra vez. Lembrei dos que no cais torciam, não mereciam me ver derrotada. Quanto aos que no cais amaldiçoavam-me, estes mereciam menos ainda. Por orgulho ou vaidade, tanto faz, decidi ir com minha tábua até um outro braço de terra. Cá estou. O sol já se põe tornando tudo tão mais frio. Com os olhos mareados, vejo o mastro do meu navio submergir. É meu sonho água abaixo. Por toda gota de sal, por cada raio de Sol, juro que, de sonho e de pó e de lágrima, criarei uma nova nau. E, quando eu estiver a bordo, sem champanhe ou vela pra içar, ainda há de haver sonho. Sem pó ou lágrimas. Só luta e vontade. Só eu, só.




... que não me falte o passo, coração ...



~

sábado, 2 de agosto de 2008

abaixo: beijos, blues, poesia.

Juntei meus dedos indicadores, mostrei-os a Eros e disse: CORTA AQUI. Assim, desse jeito. Já deu pra mim. Não quero mais saber de peito aberto e cara à tapa, cansei de amar. Eu até considero a idéia de alguns segundos de uma paixão desmedida. E, sinceramente, simpatizo bastante com a idéia de alguns vários segundos desmedidos de paixões avassaladoras. Mas, o Amor pra mim [hoje] é somente o alvo de todas as minhas pedrinhas ... e cacos de telhas e paralelepípedos e, pior, alvo de minhas palavras mais duras e certeiras. Na mosca, sem voz de veludo. Não que eu ande por aí mudando de calçada por causa de uma florzinha besta, NUNCA. Muito menos desacreditei da veracidade dos votos que ouvi, NUNCA [dessa vez, um 'nunca' com mais veemência]. Mas é que, como possuir estrelas, não vejo muita utilidade prática em amar. Ah vai, reconheço que tudo é mui poético e ouvi dizer que engrandece a alma. É, é? Então, prova. Não há sorte na fruta mordida e não também não há tranqüilidade no amor. Acordei do lado de Raul, UM AMOR A DOIS PROFANA O AMOR DE TODOS OS MORTAIS. Vá à merda, Cazuza.








~ DeusaMenina /achando que sofrer é amar demais'
válido enquanto durarem os estoques ou até que Ele possa voltar.


              

              

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no dia em que 'ocê foi embora
eu fiquei sentindo saudade do que não foi
lembrando até do que não vivi

pensando em nós dois.

(8)

      

      
      
Eu quero um
beijo na boca. Gelo e açúcar, por favor.
      
      
      
      

Lilith

Minha foto
25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.