terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Menina Bonita do Pé Amarelo

Menina bonita do pé amarelo
Te vejo daqui de longe dormindo
Tenho que ir e te deixar descansar
Que sono é esse que até te faz rir?

Seu sono é profundo
Menina bonita do pé amarelo
Que cara de anjo
Que vontade de te despertar!!

Vejo-te cada vez mais longe...
Menina bonita do pé amarelo
De longe seus pés ficam sem cor

De perto não sei mais se essa canção é pra esquecer uma dor
Então lá se vai a cor, a alma, a dor...
e a menina do pé amarelo vira deusa menina
e não liga pro que há de acontecer em papos de bar de esquina

(31/10/2010 JF)

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eu amo e amo quando escreve pra mim.
outra vez amor bem aqui: A Flor ~
'

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

baby,

você precisa saber de mim. baby, baby, eu sei que é assim. você precisa tomar um sorvete na lanchonete, andar com a gente, me ver de perto, ouvir aquela canção do Roberto. baby, há quanto tempo! você precisa aprender inglês, precisa aprender o que eu sei e o que eu não sei mais. não sei, comigo vai tudo azul, contigo vai tudo em paz, vivemos na melhor cidade da América do Sul. não sei, leia na minha camisa:

baby, I love you.

~

encantada

Do galho mais alto daquela árvore seca, minha melodia encerrada em gaiolas testemunhava a entrada daquele homem em minha vida. Abriu meus portões em sobressalto, atravessou a varanda do meu corpo e entrou pela porta da frente com as botas imundas. Deixou pegadas cheirando a leite até o sofá, onde sentou sem cerimônia. Servindo-se de chá e biscoitos, olhou para mim como a uma torta de limão que devoraria num só pedaço. Mas, ao invés disso, deu-se por satisfeito em levar à boca um dedo melado de chantilly. Só então disse-me um 'bom dia' cordial e sem paixão, desses que se dá a quem não se conhece e despejou sob a mesinha de centro trocentas palavras entrada, saladinhas de grão-de-bico, diversos pedidos sobremesa que jamais vão saciar a fome que eu sinto das suas palavras, mas que me fariam ouví-lo falar e falar do vazio enquanto investigo seus olhos deitada no carpete aos seus pés. Mas, se ainda te posso pedir algo, saia pela porta do fundo e só volte quando a tua dor se manter estanque o suficiente para que eu te toque, porque eu tenho sede e todo o meu chão é árido onde tuas mãos tateavam.


quando você me ouvir chorar
tente, não cante, não conte comigo
falo, não calo, não falo
deixo sangrar
- algumas lágrimas bastam pra consolar -
tudo vai mal, tudo.
tudo mudou, não me iludo
e, contudo, é a mesma porta sem trinco,
o mesmo teto e a mesma lua furar nosso zinco
meu amor, tudo em volta está deserto,
tudo certo.

~

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

encantado

O silêncio dentro daquele homem era magnífico. As palavras mudas, altivas e austeras, eram de uma dignidade cega, cobravam de mim um respeito desses que só se dedica a pais severos. Todo o caminho de pedras redondas entre o portão e a soleira daquele corpo eu fiz à ponta dos pés, num Lago dos Cisnes em câmera lenta, como se eu pretendesse que o som dos meus pés contra o chão fosse tal qual canção de ninar aos ouvidos do soldado que ali repousava exausto de incontáveis batalhas. Pulso cerrado, toquei a porta com leveza tamanha que o som que tal gesto produzia pedia licença até mesmo para pedir a licença que o ato de bater na porta significa por convenção. Porém, o meu olhar alardeava sem dó – naquele tom inoportuno e petulante que as sobrancelhas emolduram – que eu arrombaria a porta, para o caso de ninguém abrir. Que eu faria festas nos jardins, bailes sem máscara, que eu cortejaria cada flor, cada espinho, cada pássaro num conluio comigo, para que o nosso desejo de cantar fizesse interferência no teu sono antes mesmo do nosso canto eclodir. Mas, à tua beira, tudo clamava para que eu aprisionasse minha melodia em gaiolas – ao menos enquanto doesse, enquanto sangrasse, enquanto você lambesse as feridas com essa tua língua gilete.

there was a boy
very estrange, enchanted boy
(...)
and then onde day,
one magic day, he passed my way
while we spoke of many things
folls and kings
this I said to him:

the greatest thing you'll ever learn
is just to love and be loved in return


ele não entendeu.

domingo, 2 de janeiro de 2011

libação

{...}

peço ao Ano Novo, aos Deuses do calendário
aos orixás das transformações:

nos livrem do infértil da ninharia
da vaidade minha, desumana, sozinha
nos livrem da ânsia voraz
daquilo que, ao nos aumentar, nos amesquinha
(...)
viva à burilação eterna, a possibilidade:
o esmeril dos dissabores!
ABAIXO O ESTÉRIL ARREPENDIMENTO,
a duração inútil dos rancores.
um brinde ao que está sempre nas nossas mãos:

a vida inédita pela frente
e a virgindade dos dias que virão!

~

Elisa Lucinda
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Lilith

Minha foto
25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.