terça-feira, 29 de junho de 2010

pois é.

'distanciar...', entre todas as palavras, é a que mais me assusta. enquanto eu me distancio perco aos poucos a vontade de voltar. então eu nunca vou inteira, sempre fico um pouco, sempre deixo um tanto. e quando eu vejo já há mais de mim aqui do que lá à distância e, na verdade, eu devia ter partido. é isso. bem, eu acho.
não adianta chamar quando alguém está perdido procurando se encontrar.não vale a pena esperar
tiro isso da cabeça, ponho o resto no lugar

segunda-feira, 28 de junho de 2010

sempre haverá Chico

luz.
quero luz
sei que, além das cortinas, são palcos azuis
e infinitas cortinas com palcos atrás
arranca, vida. estufa veia
e pulsa, pulsa, pulsa mais.


mais!
quero mais, nem que todos os barcos recolham ao cais
que os faróis da costeira me lancem sinais
arranca, vida. estufa, veia.
me leva, leva longe, longe, leva mais ~

{...}

Mas, vida, ali, eu sei que fui feliz


~

sexta-feira, 25 de junho de 2010

é.

abrir os olhos e encontrar os teus fechados, as tuas mãos entre as minhas como um elo, um eu te amo mudo e os teus olhos abrindo todas as palavras do mundo. tudo ainda é como quando os meus olhos ainda sonhavam, como quando os pés dando os primeiros passos premeditavam a estrada longa. a luz azul sobre o teu ombro, os teus traços, teu desenho em aquarela e o giz-de-cera costurando teu nome no meu pulso, minha sombra nos teus dedos, nossas estradas num rumo só. ou não. ainda há algo das palavras descabidas, do vermelho do vestido do azar. ou não. porque hoje eu abri os olhos e encontrei os teus abertos, tua mão entre as minhas como um elo que não se rompe, um eu te amo que eu te ouvi dizer e os teus olhos me abrindo todos os sonhos. eu mal comecei a amar você.

e aí você surgiu na minha frente e eu vi o espaço e o tempo em suspensão, senti no ar a força diferente de um momento eterno desde então. e aqui dentro de mim você demora, já tornou-se parte mesmo do meu ser. e agora - em qualquer parte, a qualquer hora - quando fecho os olhos, vejo só você. o amor une os amantes em um ímã e num enigma se traduz: extremos se atraem, se aproximam e se completam como sombra e luz. e assim viemos nos assimilando, nos assemelhando a nos absorver. e agora - não tem onde não tem quando- quando fecho os olhos vejo só você {...}





terça-feira, 15 de junho de 2010

Carta a Um Amor Eterno (que morreu)

Me colori com o esmero que dou título a um texto, um primeiro passo numa jornada, antecipando um primeiro olhar seu em minhas cores. Te chamei amor com a certeza perene que os deuses concedem apenas ao já não amantes, aos que levam na alma completa uma sensação de metade que - ao que parece - só finda no inteiro daquela outra alma já tão distante. Como é forte um amor em desuso! Aguardei sua volta pregada a uma pedra do porto como se esperasse o regresso de um amor canoeiro há muito engolido pela maré. Desejei que as tuas asas de cera derretessem e então eu seria a pista de pouso onde tantas vezes nosso sol se pôs, eu estaria pronta a te amparar e costurar contigo outros sonhos, outros planos vívidos em pena e luz. E depois de tantos sermos nós - só ou nós e os engenhos, os gigantes, os engendros - era você. E o ponto final num texto. E a sua ausência entre os temas que eu gosto de escrever. E o meu susto ao me perceber alheia às suas células, seus sons, suas cores. A queda do meu mundo de espelhos onde eu me via pra que você olhasse me abriu as portas de uma vida minha outra vez. Onde você cabe num canto, contracendando no papel original, numa lembrança boa, em grandes lições e na gratidão pelo amor vívido, pelo amor eterno, pelo amor que morreu.


{...}

não tem desespero, não.
você me ensinou milhões de coisas.

~



domingo, 13 de junho de 2010

{...}

trocentas vezes li essa canção
e me prometi que eu amaria alguém assim
tão forte para poder cantá-la
tão lindo para poder vivê-la
amar alguém, nalgum lugar, como eu amo você



Nalgum lugar que eu nunca estive, alegremente além de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio. No teu gesto mais frágil, há coisas que me encerram ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto. Teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra embora eu tenha me fechado como dedos nalgum lugar. Me abres sempre pétala por pétala como a primavera abre tocando sultimente, misteriosamente a sua primeira rosa. Ou se quiseres me ver fechada, eu e minha vida nos fecharemos belamente, de repente, assim como o coração desta flor imagina a neve cuidadosamente descendo em toda a parte. Nada que eu possa perceber neste universo iguala o poder de tua intensa fragilidade cuja testura compele-me com a cor de seus continentes restituindo a morte e o sempre cada vez que respirar. Não sei dizer o que há em ti que fecha e abre só uma parte de mim compreende que a voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas. Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas.



como nós nos amamos.

~

Lilith

Minha foto
25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.