terça-feira, 15 de junho de 2010

Carta a Um Amor Eterno (que morreu)

Me colori com o esmero que dou título a um texto, um primeiro passo numa jornada, antecipando um primeiro olhar seu em minhas cores. Te chamei amor com a certeza perene que os deuses concedem apenas ao já não amantes, aos que levam na alma completa uma sensação de metade que - ao que parece - só finda no inteiro daquela outra alma já tão distante. Como é forte um amor em desuso! Aguardei sua volta pregada a uma pedra do porto como se esperasse o regresso de um amor canoeiro há muito engolido pela maré. Desejei que as tuas asas de cera derretessem e então eu seria a pista de pouso onde tantas vezes nosso sol se pôs, eu estaria pronta a te amparar e costurar contigo outros sonhos, outros planos vívidos em pena e luz. E depois de tantos sermos nós - só ou nós e os engenhos, os gigantes, os engendros - era você. E o ponto final num texto. E a sua ausência entre os temas que eu gosto de escrever. E o meu susto ao me perceber alheia às suas células, seus sons, suas cores. A queda do meu mundo de espelhos onde eu me via pra que você olhasse me abriu as portas de uma vida minha outra vez. Onde você cabe num canto, contracendando no papel original, numa lembrança boa, em grandes lições e na gratidão pelo amor vívido, pelo amor eterno, pelo amor que morreu.


{...}

não tem desespero, não.
você me ensinou milhões de coisas.

~



4 comentários:

Raisa Bastos y Rodrigues disse...

Sonhos - Peninha.

... porque eu precisava postar a parte até 'era você', texto velho e bem bacana. e porque eu precisava enterrar isso, enriquecer o solo e colher em paz os frutos do amor novo que só cresce, floresce, alimenta.

Não me entendam mal.

Rui disse...

atenção pra música, que é uma linda declaração de gratidão.

textos maravilhosos, como sempre...

Raisa Bastos y Rodrigues disse...

a minha gratidão é uma pessoa.

Amanda Silveira disse...

AMEI O TÍTULO, vou plagiar

Lilith

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25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.