domingo, 29 de junho de 2008

Hiperatividade Insone.

    
    
   
    
        
    
    
    
    
        
    
    
    
    
        
    
    
    
    
        
    
    
    
    
        
    
    
    
    
        
    
    
    
    
        
    
    
    
    
        
    
    
    
    
    


Se liga só no slogan:
CORAGEM, CORAÇÃO ~
    
    
    
    
    
    

Mal Necessário

Cavei, nos tempos em que isto aqui estreava, covas rasas. Enterrei o que a mim parecia medíocre e tacanha. Chorei. Cuspi. Escarrei. Pra cada porção desse adubo orgânico, fiz brotar uma rosa e três espinhos. De joelhos, roguei a Deus. Queria vê-los, os atos os autos e os autores, todos a queimar, arder, ferver em carne viva lá dentro do Inferno de dentro - lá de onde brota o enxofre e as chamas. Eu podia vê-los agonizar numa quase morte que nunca se consumaria. Queria ver se, enquanto inflamavam, eles saberiam lançar seus olhares de açoite. Queria vê-los julgar enquanto são julgados, condenados, punidos. Queria ver quantas voltas o ponteiro do relógio - o fino, o dos segundos - daria até que aquelas mentes se cansassem de cumprir o papel de crânio. É o mesmo fogo que queima que há de vir purificar os vivos e os mortos. Esperei, senhor, que morrendo na fogueira estes seres aprendessem a ser carvão. Ó, senhor, errei e me arrependo. Hoje, vejo que o fiz gastar tanta lenha com o inelevavél*. Quem nasceu pra ser ralé, há de passar a eternidade rastejando.


    

    

    

    

    

    

    


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¹ dos tempos de estreia: Aqui Jaz

² do que aprendi com quem é Inclassificavel:

oferece a outra face, mas não esquece o que fazem

³ * da lingua do Éden, aquele que não se eleva

    

    

    


Superfantásticamente.

Certa vez, prometi algo a mim. E saí de casa disposta a cumprir. Entrei, me dirigi até o balcão e fui informada por uma atendente que, naquele local, não seria possível. Como se me fosse soprado ao ouvido, eu sabia que não estaria a cima do que aconteceu. Fui tomada por uma vontade imensa de chorar. Com as mãos tapando o rosto, parei em frente a uma prateleira e, quando as lágrimas já faziam menção de saltar dos olhos, eu as ouvi dizendo: montiiinho. E, de repente, eu era invadida por algo bom. Era carinho. Naquele momento era o que me erguia e me manteria no alto ao longo dos dias. Eu mal podia acreditar. Era São João, estava em casa e elas estavam aqui comigo! E os dias iam se repetindo numa cadencia perfeita, eu poderia viver assim por todo o sempre. Dormir quando o despertador do Universo toca. Acordar quando todos já cansaram da luz do dia. Se pintar. Se enfeitar. Sair às ruas e viver. Enquanto a própria vida parecia fatigada. Uma estrela risca o azul anil, pedi um amor ... ele veio mas não quis ficar porque sempre esteve ali. Eu quis morrer. E lá estavam elas. Quando apertava a fome, eramos as quatro na cozinha, era Macarrão Babylônico, Tortillas a la Pimenta Calabresa ou Chocolate Quente em canecas coloridas. Entrar no quarto era tarefa pra Jack Sparrow. Falando em piratas, eram doces os relatos do mar. Do Atlântico. Nado borboleta. Boiaar. Nado Créeeeu. São doces todas as lembranças. É doce quando toca Patrulha do Samba. E é mais doce ainda quando tiram a calça jeans. Ui. - Streap com esse cinto? Não. São doces os olhos azuis de Lis e os verdes de Zic. São doces os olhos de vocês enquanto eu conto o que nem eu entendo. É doce o jeito que vocês têm de dizer que eu não presto. A VCL é doce. Tequila é doce. Lícor de Graviola é doce. Mas entrar nesse quarto vazio é dos mais amargos [dis]sabores que conheço. É azedo. É estranho caminhar até a minha cama sem tropeçar em malas, é estranho me vestir sem encontrar peças de roupas alheias. É estranho estar triste e não ter colo. É especialmente estranho não ter com quem dividir as alegrias, o meu quarto, meu computador, minha casa, minha vida. Enfim, é estranho estar sem vocês. É tão bom viajar nesse balão /põe o cinto x)







sexta-feira, 27 de junho de 2008

/semresposta

     
          
          
     
- Você me ama?
- Amo.
- Como?
- Não sei, não parei pra pensar.
     
    
     
     
     
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eu não sei como te amo, mas sempre soube o quanto: dois cocos.


La Merde

Estou que é só personagem,
um destes grandes sucessos esquecidos
de um brilhante autor exaurido.
De tanto pintar a cara,
acabou a tinta, acabou-se a tela e,
dos pinceis, acabaram os golpes precisos.
Do oceano de outrora,
não resta água pr'um copo.
/engulo a seco.
A casa está lotada, mas as cortinas
se manterão cerradas esta noite.
Que se apaguem todos os holofotes.

Não há mais nada pra arte imitar.
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quinta-feira, 26 de junho de 2008

-
mas não tem nada não.
eu bem que me conheço
sei que um dia viro a mesa
e mudo de endereço

(8)

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Opção três

Lis, senta aqui. Quero te ensinar umas coisas. Nada sobre cegonhas ou bala de estranhos. Não ainda.Hoje quero te falar dos sonhos.

- De quando eu fecho os olhos?

Não, minha flor. Dos sonhos grandes. De quando a gente acorda.É que, quando a gente cresce, os caminhos ficam difíceis, com buracos e lobos e esquinas.

- Você me ajuda, mamãe?

Hmhum. Mas a escolha é sempre sua. A vovó, por exemplo, quando me mandou de Alémar pra capital, esperava que eu escolhesse o [caminho] direito. Eu escolhi passar fome...

- Ó, você passou?

Linguagem figurada, um dia você aprende.Enfim. Aprenda logo que, quando a se quer de verdade,a gente aprende a plantar, colher e cozinhar. Mamãe aprendeu. Aí eu descobri que precisava encher o prato com outras coisas.

- Verdurinhas?

É. E palmas também. Mamãe rodou o mundo!Experimentei outros sabores: caviar, enlatados, pão bolorento.Com as coisas amargas, aprendi a guardar doces pra depois das festas.E são essas as coisas que quero te mostrar...Quero que você devore bons livros, chicos e caetanos.Quero que você conheça o gosto do vento da Escola de Agronomia.Quero que você saiba que arte alimenta.Quero que você não esqueça que a alma do mundo ajuda os que sonham de verdade.

- E com que você sonhava, mamãe?

Com você, Lis.
          
          
             

-

-
o amor é graça.
ele dá e passa.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

VIII / X

O principizinho, apesar da boa vontade do seu amor, logo duvidara dela.
Tomara a sério palavras sem importância, e se tornara infeliz.
       
       
Não quero feri-los com minhas palavras,
porém é bem verdade o que aqui conto.
Venho aos pedaços, como se dividida em sílabas, informá-los que o amor morre!
E, digo mais, isto é indolor.
Como uma perna amputada, que já não faz mais parte do corpo,
enfiar facas em amor morto não dói!
Porém, vê-lo necrosar célula por célula, eis o que não suporto.
E - pra não dizer que não falei em Chico -
doídas são as fisgadas no membro que já foi decepado.
Meu pequeno partiu
/cansou dos meus vícios.
Foi correr universo, deixar pegadas na poeira de outra estrela,
foi cativar.
Foi, pra estar longe.
Sei da escolha e dos motivos, mas, egoísta e fútil,
ainda peço que não vá, que não durma.
Porque tenho medo de não estar em um de seus sonhos.
Tenho medo que, ao abrir a porta,
ele não me reconheça.
Tenho medo de sufocá-lo.
Tenho medo que ele aprenda a respirar sem mim.
       
       
Eu fui uma tola. Peço-te perdão. Trata de ser feliz.
É claro que eu te amo.
[...]
Não demores assim, que é exasperante. Tu decidiste partir. Vai-te embora.
Pois ela não queria que ele a visse chorar.
Era uma flor muito orgulhosa.
       
       

sábado, 7 de junho de 2008

être comme la rivière quoi coule II

Seguindo um curso natural, quando um rio desemboca no mar, outro aflora em algum lugar. E vem d'um primeiro rio, que evapora, a água que, depois, preciptará e transformará um córrego raso numa corredeira. Não ousaria tanto. É este texto um mero afluente de um que veio antes e que ainda será perene quando, nos tempos de estio, isto aqui for só uma poça lamacenta. Posto que palavras são só gotas d'água, desemboca aqui um texto sobre o que aprendi seguindo à tua margem. Sobre contornar pedras e ultrapassá-las, pois és tu maior que estas. Sobre ser, pois somos, caminhos de barcos. Sobre vê-los passar com suas velas, sobre naufrágios. Sobre ser sobre-humano. Saber seguir, fluir, deixar seguir, reter, amar. Um dia, quando da morte de Narciso, águas doces tornaram-se um cântaro de lágrimas salgadas. Ao ser interpelado pelas oréiades sobre a beleza do tal moço, o rio balbuciou: Nunca tinha percebido que ele era belo ... todas as vezes que ele se debruçava sobre as minhas margens eu podia ver, no fundo dos seus olhos, a minha própria beleza refletida.


Num conta-gotas, eis aqui cada pedaço de víscera. É tudo que sinto.

História de Uma Gata

Da infância, não trago na memória quadros sobre prateleiras. Lembro só do chão de terra, dos joelhos ralados, de quantas vezes mamãe me trouxe - pelos cabelos - à realidade: eu era uma mocinha. Da janela, via os moleques sem camisa, jogavam bola na lama; queria ser como eles, eu queria fazer pipi de pé. Consta lá no manual, entre os possíveis defeitos, qualquer coisa sobre Complexo de Castração, é normal entre bonecas. No espelho, a porcelana tomava forma. Como é cruel a arte de se moldar uma dama! Começo a gostar dos vestidos, do carmim, dos garotos. Mas nunca me acostumei com soutiens. Lembro quando andávamos pelas ruas que ainda estão a ladrilhar, eu e outra princesa de Além Mar. Ríamos dos contos, das fadas, debochávamos dessa fábrica de Amélias em série. Caímos da prateleira. Descobrindo vestidos mais curtos, carmins mais rubros, garotos mais tontos. Descobri Hollywood. Água Oxigenada. Souborne. Avalon ~ . Soutien com enchimento. Conciliando meu lugar na revolução e um lugar na estante, descobri Ra i sa. Veio o primeiro príncipe e ele era sapo. O segundo também. Lá pelas tantas me apareceu um príncipe beeem príncipe. Descobri que não gosto da realeza. Gostei de um bandido, mas este se foi e nada se manteve erguido pelo caminho que ele abriu. Descobri a desilusão. Alimentada. Acariciada. Aliciada. Acostumada. Fico em casa, não tomo vento. Da janela, vejo os meninos e os violões. Descobri, e reconheço felinos. À milhas de Além Mar, descobri a solidão. Mesmo com a força bruta, freira ou puta, toda fêmea é uma mulher. Reinando em tanques, inflamando palanques, porras loucas, filhas de outras, o buraco ainda é no mesmo lugar. Pagu é mulher e quer ser amada. Toda mulher sonha com o clássico final feliz em Paris. Toda mulher quer ser salva. Eu sou mulher.


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Créditos ao 'Manual TinTin', à Dandara e Carrie.

domingo, 1 de junho de 2008

Se te queres matar, mata-te.

A Santa cantava alto no meu radinho, abafando os gritos de dor da vizinhança. Fui até a varanda, na rua corriam crianças, os carros chegavam com as sirenes nas alturas, a rua parava pra ver, o porteiro me gritava lá no play. Chamei o elevador, ele não veio. Desci correndo as escadas enquanto amarrava o vestido. Corri entre os carros e, debruçada no para-peito da garagem, me arrependi de ter estado ali. Havia um homem estendido no chão do prédio em frente. Miolos, sangue, lágrimas ... tudo escorrendo, sujando as pessoas que ali choravam, que prestavam socorro e aquelas que pararam pra ver /é tão cruel a curiosidade humana. Eu via a viúva implorar aos céus, ela pedia que o tempo voltasse. Eu via alguém falar de uma criança - era aniversário do menino. Eu via o pessoal da igreja ao lado falar em heresia. Eu via a polícia procurando culpados ou certificando a ausência destes. Acidente? Proposital? E eu me via solta em perguntas que ninguém ira responder. Quantas vezes ela disse não viver sem ele enquanto ele ainda vivia? Quantos aniversários do filho ele não passou na janela olhando lá pra baixo? Quanta dor leva alguém a se render assim? Quantas vezes Deus parou pra confortá-lo? Quem tem culpar em querer morrer? Eu, olhando aquele homem morto, só queria falar em hipocrisia. Este homem, com nome e família, teve a coragem pra fazer aquilo que todos nós planejamos durante o banho.
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Vivam e ouçam Álvares de Campos na voz de Autran.

     

Morrem,
no mesmo lugar, pelo mesmo veneno,
um prícipe e uma rainha.
     
     
     
     
     
     
     
     
     
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Vão dizer que são tolices, eles não sabem da dor.
Não há em mim o que queira estar longe de você
... só não aceito não te fazer feliz.

Lilith

Minha foto
25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.