quarta-feira, 14 de julho de 2010

Ciclo.

Escrevi pouco enquanto te vivia - porque fui feliz, porque estive em paz. Apenas a inquietação me envolve em letras e só o meu coração, quando em batedeira ou liqüidificador, dá cadência e tom ao que eu já não sei dizer. Escrevo só se não sei dizer, aliás. Na tua pele, não cravei meu léxico a unha, tratei de apagar com saliva qualquer linha que as palmas das minhas mãos traçassem. Se quer li dos jornais os cadernos de meteorologia. Soube que, teimoso - bem ao teu modo -, o nosso tempo surpreenderia em tons pastéis os que previram céu negro se você chegasse frente-fria. Outonal, tudo era prelúdio de um inverno tenro e você chovia em mim sempre que eu me abria em veraneio. Há dias, eu preparo as pétalas desse texto, como a primavera abre sua primeira rosa, poucas linhas de um livro mosaico que eu quase tirei da estante porque hoje seu solo é seco, infértil e o teu vento frio não sopra em mim qualquer vontade de semeá-lo. Espero que retorne a vontade - de plantar letras, de colher você -, que o tempo seja propicio e prospero e que esse texto e todo o resto não seja uma tempestade de força vã. Que não demore.

~

2 comentários:

Raisa Bastos y Rodrigues disse...

sem canções.

Amanda Silveira disse...

"Escrevi pouco enquanto te vivia - porque fui feliz, porque estive em paz. Apenas a inquietação me envolve em letras e só o meu coração, quando em batedeira ou liqüidificador, dá cadência e tom ao que eu já não sei dizer. Escrevo só se não sei dizer, aliás."

pare de me descrever!

Lilith

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25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.