Escrevi pouco enquanto te vivia - porque fui feliz, porque estive em paz. Apenas a inquietação me envolve em letras e só o meu coração, quando em batedeira ou liqüidificador, dá cadência e tom ao que eu já não sei dizer. Escrevo só se não sei dizer, aliás. Na tua pele, não cravei meu léxico a unha, tratei de apagar com saliva qualquer linha que as palmas das minhas mãos traçassem. Se quer li dos jornais os cadernos de meteorologia. Soube que, teimoso - bem ao teu modo -, o nosso tempo surpreenderia em tons pastéis os que previram céu negro se você chegasse frente-fria. Outonal, tudo era prelúdio de um inverno tenro e você chovia em mim sempre que eu me abria em veraneio. Há dias, eu preparo as pétalas desse texto, como a primavera abre sua primeira rosa, poucas linhas de um livro mosaico que eu quase tirei da estante porque hoje seu solo é seco, infértil e o teu vento frio não sopra em mim qualquer vontade de semeá-lo. Espero que retorne a vontade - de plantar letras, de colher você -, que o tempo seja propicio e prospero e que esse texto e todo o resto não seja uma tempestade de força vã. Que não demore.
~
~
2 comentários:
sem canções.
"Escrevi pouco enquanto te vivia - porque fui feliz, porque estive em paz. Apenas a inquietação me envolve em letras e só o meu coração, quando em batedeira ou liqüidificador, dá cadência e tom ao que eu já não sei dizer. Escrevo só se não sei dizer, aliás."
pare de me descrever!
Postar um comentário