sexta-feira, 16 de julho de 2010

sem título.

palavra-cruzada sobre o livro de história, eu não consigo dormir. mas não rolo na cama, não desforro o colchão. (re)movo montanhas com o pensamento, com a mesma força sobre-humana que destelho o forro do quarto para enxergar além do céu. fecho os olhos, guarda cometas lá bem dentro. encaixoto e almoxarifo o brilho e o calor que lá fora a chuva lava. lixiviar: é a lição que a água me ensina - sobre levar, sobre seguir, ou sobre seguir e levar. enquanto voltam à terra as coisas do ar, eu ainda sinto medo e frio. me pego na contradição que é roubar o fogo do rabo de uma estrela cadente e ainda precisar de dois edredons. tudo é antítese, dicotomia, dialética. tudo é pela réplica do meu corpo no espelho sem molduras. tudo é pelo meu corpo de outra cor, outra forma, outro cheiro. e eu esfrego os pulsos no travesseiro exorcizando memórias olfativas. almíscar. ou o oposto, aliás: é o cheiro ruim que fica do que era pura essência, fumaça alta do fogo que já não há. cruzo palavras dentro dessa história, eu crio insônias.


2 comentários:

Amanda Silveira disse...

miss lexotan 6mg, garota

Eduardo Martins disse...

Ah, mulher! Esse texto é a crônica das minhas noites. Extremamente bom.

Lilith

Minha foto
25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.