terça-feira, 27 de outubro de 2009

salva.a.dor - litros.

Hoje as nuvens prometiam a volta do sol, mas houve apenas dó toda a manhã. E em notas chorosas, um rio desaguou em meu colo. A chuva no telhado e o som das lágrimas no assoalho me remetiam a um bolero qualquer, eram gotas minhas na enxurrada alheia. Emendei nossas canções como poças espaçadas que viram uma só quando a chuva engrossa, logo erámos dois corpos no vão da escada e um diluvio de dúvidas, uma orquestra de sentimentos. Pra onde a chuva leva os acordes de uma canção quando a canção chega ao fim? E o amor? Pra onde vai o meu amor quando o amor acaba?

{...} vê se tem no almanaque, essa menina,
como é que termina um grande amor
se adianta tomar aspirina
ou se bate na quina aquela dor
se é chover o ano inteiro chuva fina
ou se é como cair o elevador
{...}

Com a alma enxarcada e a garganta árida, fui secando uma a uma todas as suas ruas. Calada nos becos, fingindo rir nas encruzilhadas, sendo cais em todos os endereços. Mas, após ser colo, precisei tê-lo - porque de mim também fogem certas explicações.

{...}
me responde, por favor,
pra que tudo começou quando tudo acaba?

{...}

12 comentários:

Raisa Bastos y Rodrigues disse...

Dois adendos musicais:

¹ O povo já se cansou
de tanto o céu desabar.

² Ela apareceu
parecia TÃO sozinha.
Parecia que era minha
aquela solidão.

Joice disse...

realmente bonito ...

Parabéns pelo blog ;)

Thaise de Melo disse...

olá moça =)

O amor não acaba. Ele sai de nós e vai para o outro, e no outro ele se transforma, e assim sai do outro para se transformar dentro de outros... ad infinitum

E tudo acaba porque chega sua hora, e se nada começasse na sua vida, nada terminaria, e nada aconteceria e, na verdade, você não viveria.

Também gostei daqui.
Seus textos pedem para que nós mergulhemos nele, se não a gente simplesmente não entende.

Até a próxima.
Fique em paz.

Raisa Bastos y Rodrigues disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Adendo nº 3:

A gente não percebe o amor que se perde aos poucos sem virar carinho. Guardar lá dentro o amor não impede que ele empedre, mesmo crendo-se INFINITO. Tornar o amor real é expulsá-lo de você pra que ele possa ser de alguém . Somos, se pudermos ser ainda.

Amanda Silveira disse...

esse anônimo aí, sei não ... /pensa

Rui disse...

"toda dor repousa na vontade
todo amor encontra sempre a solidão"
( M C )

nao concordo mais veste bem seu texto.

sobre o porquê, dizem que o importante é a viagem, e não a chegada

*quase todas as alma sao vazias, preenchidas com ilusoes; a diferenã é que poucos percebem

Luana H. disse...

''Pra onde a chuva leva os acordes de uma canção quando a canção chega ao fim? E o amor? Pra onde vai o meu amor quando o amor acaba?''

Perguntas que nunca conseguimos responder.

Que bom que voltou ao meu blog!
=)


Um beeeijo.

Hilário Ferreira disse...

Um ímã...
Basta aquecer. Os ímãs perdem seu poder de atração quando aquecidos. Se as coisas esquentam os ímãs deixam de ser tão atraentes... (já dizia a Física da época da escola).
Deixa aquecer, deixar o circo pegar fogo, fica mais fácil perceber quem tem medo de se queimar, quem corre primeiro e quem fica pra ajudar.
Ou mesmo, o esforço que fazemos para lembrar pode ser convertido no exercício de esquecer. E quase sempre é bom esquecer, às vezes nos encantamos com a mesma coisa mais de uma vez...

Unknown disse...

Chega de chuva, aqui a dois meses que não vemos o sol...
Mas a esperança não perdemos, uma hora ele aparece...
E ai a felicidade se completa.
Gostei
Abraços

Milca disse...

Adorei o blog, adorei o texto.
MUITO BOM!

Daniella Souza disse...

"Parecia que era minha
aquela solidão."

Gostaria que finais de grandes amores não fossem tão tristes, gostaria que grandes amores não tivessem finais. E talvez [esse] não tenha.

Te amo!

Lilith

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25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.