sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Os Cegos do Castelo.

Bocas são atrativos banais, orelhas me causam repulsa e os narizes, a mim, não fedem ou cheiram. Porém - me desculpem os muito vesgos - olhos são essenciais. Não me interessam em absoluto os rapazes que carregam duas lápides na face, os que já perderam o viço, que se escondem em lentes escuras e os usuários de colírios diet. Me encantam os claros e transparentes - sem preconceitos ou preferências quanto à coloração, basta que através deles eu enxergue uma alma e reflita a minha própria como num espelho bacará. Me entorpecem os que, como labirintos ou caleidoscopios, me abrem um leque de possibilidades e pontos de vistas, os que parecem enxergar tudo menos a mim e, concomitantemente, varrem meus jardins em dois tempos, devastando o que antes era impensável a olho nu. Corri os olhos pelas palavras já escritas e me peguei em contradição: sobre cores, me são de tremenda importância as que eu enxergo frente ao que já não vejo, as luzes que se acendem no infinito quando seu cheiro me invade e os planos inéditos todos em tons pasteis que eu faço sobre trilhar minha vida numa estrada vista a um único olhar. O menino dos meus sonhos é míope e pra me enxergar fecha os olhos.

~ o essencial é invisível aos olhos, juro.

Lilith

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25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.