- Dê me um cigarro; não sei qual gramática o diz, apenas repito o jargão. A mim hoje bastariam dois clichês e um cigarro. Seria a felicidade plena: um monte daqueles, um maço destes. Porém eu não sei tragar o óbvio, eu não aturo fumaça. O mundo abre-se convidativo - meu corpo sem chaves, uma porta nua. Se fecho os olhos, revivo cenas de antes ... na sua mão, o cigarro ainda brasil é um brinde; as palavras nos naufragam, inundam, transbordam; o gosto em minha boca é de brindar, é teu. Nada disso nunca aconteceu. Certeza eu tenho apenas da ausência, já não sei - entre tudo que lembro - o que são lúcidas memórias, edições com adição de sonhos ou só sonhos. É também concreta a aflição, o peito diminuindo ao passo que os minutos passam e o dia finda. Na mais ternas das linhas, eu tropecei. Sou péssima com fórmulas, lido mal com metais e com o amor. E ainda espero aquela resposta, você finge cruelmente saber das horas, da entrega, dos sorrisos. Eu queria um sorriso solto e uma mão me segurando a alma. Quero sim viver dessa entrega toda e qualquer hora minha, sem calcular o tempo, sem remontar as dores. Hoje não. Talvez hoje só me faça feliz enrolar o mundo em papel de seda, sentar sozinha em minha varanda, ouvir as canções que o vento carrega léguas só pra que eu ouça e ver como a fumaça ascende às estrelas. Pegue um cigarro, acende, repete meu sonho pra mim.
É tão triste sentir o seu verso esdrúxulo,
não mais idílico,
laços evitando em serem nós [...]
É tão triste sentir tua língua revelando outras línguagens,
o seu peso não afastando os meus pesares,
tatos não mais como tatuagem.
você, estrangeiro em mim.
não mais idílico,
laços evitando em serem nós [...]
É tão triste sentir tua língua revelando outras línguagens,
o seu peso não afastando os meus pesares,
tatos não mais como tatuagem.
você, estrangeiro em mim.