Hoje as nuvens prometiam a volta do sol, mas houve apenas dó toda a manhã. E em notas chorosas, um rio desaguou em meu colo. A chuva no telhado e o som das lágrimas no assoalho me remetiam a um bolero qualquer, eram gotas minhas na enxurrada alheia. Emendei nossas canções como poças espaçadas que viram uma só quando a chuva engrossa, logo erámos dois corpos no vão da escada e um diluvio de dúvidas, uma orquestra de sentimentos. Pra onde a chuva leva os acordes de uma canção quando a canção chega ao fim? E o amor? Pra onde vai o meu amor quando o amor acaba?
{...} vê se tem no almanaque, essa menina,
como é que termina um grande amor
se adianta tomar aspirina
ou se bate na quina aquela dor
se é chover o ano inteiro chuva fina
ou se é como cair o elevador {...}
como é que termina um grande amor
se adianta tomar aspirina
ou se bate na quina aquela dor
se é chover o ano inteiro chuva fina
ou se é como cair o elevador {...}
Com a alma enxarcada e a garganta árida, fui secando uma a uma todas as suas ruas. Calada nos becos, fingindo rir nas encruzilhadas, sendo cais em todos os endereços. Mas, após ser colo, precisei tê-lo - porque de mim também fogem certas explicações.
{...}
me responde, por favor,
pra que tudo começou quando tudo acaba?
{...}
pra que tudo começou quando tudo acaba?
{...}