sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Aqui Jaz Um Texto

Pretendo calar de vez tudo que ainda dói. Enterro neste texto cada vírgula que eu não quiser ver presente nos livros que hão de vir. Pra começo de fim, vamos cavar. Um pá de terra. Outra. Outra. E mais outra. Nossa. Quantas pás. Pronto. Sete palmos. Forro o chão duro de ilusões. Uma ilusão. Duas. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove. Desilusões. Enterro meu molejo de amor machucado e os olhos de perdão. Dane-se o que diz a canção do Vinicius. Se duvidar, enterro tua canção, poetinha. Enterro as amizades não-amigas. Enterro os inimigos camuflados. Junto deles toda má intenção, inveja, dissimulação. Enterro tudo que faltou com a verdade. Enterro aqueles que não souberam me olhar de frente. Ajoelharam, sempre mais baixos... quase rasteiros. Os que me olharam da sacada também, subir em algo não é crescer. Enterro aquela festa. E a outra também. Terríveis. Enterro o que eu não senti em ambas. Enterro a felicidade usurpada. Enterro a infelicidade adquirida. Enterro, não o amor, mas todo 'eu te amo' dito por ti. Enterro, não a traição, mas o último beijo, Judas. Enterro minha bonequinha de vodoo. As agulhas eu guardo. Enterro esse ódio que eu sinto. Não faz bem. Enterro tudo de podre. Agora coloca a terra de volta. Opa! Antes, como nos filmes, cospe. Escarra. Agora algumas sementes. Rego com cada lágrima derramada. Pronto. E pra cada dor, uma rosa e três espinhos.

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Lilith

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25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.