segunda-feira, 27 de abril de 2009

muito pra nós dois.

Oh! sunday, monday, autumn pass by me

É que há muito já passou a madrugada das delícias e o dia seguinte costumava trazer as mesmas dúvidas, esse gosto de talvez que acabava por encobrir o gosto teu, o ranço de ilusão que me invadia e tomava como incerto cada sonho, todos os planos. Para além da minha janela fechada, as árvores não dançavam ao sabor do vento e não se desnudavam cobrindo o chão num manto dourado. O outono se anunciava eterno e estático. Como se eu estivesse presa numa armadilha do tempo, conduzindo meu corpo de volta ao primeiro dia cada vez que um novo sol teimava em nascer. As pessoas na fila do pão, a manchete dos jornais, encontrar você, deixar você saber, aceitar, deixar você ir, aceitar e as pessoas na fila do pão, na sala de jantar. Como se testassem meu sim, com um interrogatório, como em tortura. Como se a espera que eu vacile, que se apague em uma negação tudo quanto afirmo. Como uma chama que insiste em iluminar sem aquecer, tremulava em meu corpo a esperança que um dia você interrompesse o ciclo, então dançaríamos por sobre a linha pontilhada, por caminhos de pedras amarelas, por beiras de mar, por aí. O medo era o sopro no fogo brando; eu acordava e me sabia presa e só, dedo furado no tear, sono eterno, sem castelos, sem remorsos, só. Tantos vezes eu gelei frente ao que ainda me faz mover: meu cansaço; eu acordava e me sabia livre, alma indomável, mais asa que peito, no auge da minha vida e sem tempo algum a perder, repassando sem saudade as paixões que deixaram de acender meu tesão por respirar, madrugadas no escuro e com frio, implorando por avidez e coragem, repassando as cenas de nós num ângulo que não me entediasse, não me revoltasse, que me matasse de saudade pra não te lembrar escuro e frio, pra te lembrar qualquer que fosse o jeito, mas lembrá-lo até sempre. Acordei hoje e me sabia tua; não no desprendimento do 'ser' para 'ser de', não - como tanto se falou - sobre teu nome marcado em brasa no meu lombo. Eu só soube de mim sendo tua, na deliciosa certeza de que assim sou porque assim quero.



And sunday, monday, years, and I agree.


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Não valem dramáticos efeitos
Mas o que está depois
~

4 comentários:

Amanda Silveira disse...

um boi marcado no inverno ...
que interessante [6]
uahsuiahsuiahusihauihsuiahsa


o texto está perfeito, perfeita *-*

Jorginho Vilas Bôas disse...

"Eu só soube de mim sendo tua, na deliciosa certeza de que assim sou porque assim quero. "

Lindo texto!

É interessante o jogo que você faz com as palavras! Muito bom! Adorei!

Daniella Souza disse...

Conheço bem esses seus dias
seguintes, por mais que você soubesse que eles trariam duvidas, você não resistia a fazer tuuudo de novo. E não te condeno.
Era bom e mesmo que só por momentos, valia a pena.
E se é isso que você quer, é isso mesmo que você tem que ser!=D

TE AMO DEMAIS!

Raisa Bastos y Rodrigues disse...

Minha irmã me entende.

Lilith

Minha foto
25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.