quarta-feira, 1 de abril de 2009

carta ao Tom.

Ai quem me dera hoje não ser poeta, meu amigo, e poupar meus suspiros do louvor infindo às belas canções, aos lindos poemas, às doces frases de amor. Lá ao longe, março despede-se sem sinal de suas águas, meu coração adentra à estação e ele inteiro é outono: nada de cores ou promessas. Amigo, eu te queria ao meu lado sentado ao piano, viajando outra canção comigo, me cantando o amor demais. Não sei se me explico bem, é que eu já mal me entendo. Outra noite eu te contei de como andavam bambas as minhas pernas e quantas regras minhas eu violei. Violo porém esta confidência dizendo-te apenas que nunca foram tão firmes os meus passos e as minhas mãos não tremem mais. Apenas eu sei o que é acostumar-se à clausura das minhas próprias lembranças e desejos. Tanto que não quero estar livre, meu bem. Mas acontece que, enquanto ele segura minha mão e prende minha alma, minha boca canta só e meu corpo é ímpar, é acaso e não sorte. Eu devia me pôr à vitrine, com preço, condições e manual. Porém, sempre que me aparece comprador, monto meu sorriso de quem já tem dono, não fecho contratos, recuso encontros, não almoço no Amado, não retorno ligações. É uma vidinha cacete, eu sei. É tão injusto pra nós dois, a gente não segue a vida, não desenrola os sonhos, não nada. Ele diz que qualquer dia abre o peito pra outra e blá blá blá frases feitas blá blá qualquer outra exceto eu. Às vezes creio que ele escreve pra comprar as idéias que me vende e isto é engraçado. Eu enlouqueço, faço que vou chorar, {não} choro, re-enlouqueço, firo meu orgulho pra depois deitar, lembrar e sorrir. Rio-me mas ando tristinha. Qualquer dia ele cansa e acorda com sorrisos pra outra ... se ainda houver em minha testa uma placa com o nome dele quando tudo isso acontecer, onde enfio meu orgulho e planos? Onde eu enfio meu peito? Onde eu me enfio, hein? E esse amor, coomfãs?


É, meu amigo, só resta uma certeza:

é preciso acabar com essa tristeza
é preciso inventar de novo o amor.

Vou mudar de canção:

Você sempre me diz que é falso meu amor, que os beijos que lhe dou não tem nenhum calor, que eu sempre fingi querer mas não lhe quis, que o meu, que o nosso amor com outros dividi. Você não tem razão! Fala por falar ... Porque meu coração há muito que é seu. Na vida que eu vivi, nos sonhos que eu sonhei, no céu, na terra, enfim, eu sempre lhe encontrei.

2 comentários:

Victor Moraes, disse...

♪ feito espumas ao vento ♪

Raisa Bastos y Rodrigues disse...

♪ é coisa de momento, raiva passageira, mania que dá e passa feito brincadeira. mas o amor deixa marcas que não dá pra apagar {...} ♪

Lilith

Minha foto
25 anos de sol em leão. queria voltar ao tempo em que era cool escrever letra de música no perfil / cozinha, escreve, pratica boxe e é jornalista nas horas vagas / acha que "transtornada" é um nome muito bacana para quem tem TDAH, eu tenho.