Eu queria comprar uma furadeira. Eu queria esburacar teu crânio em zig-zag, enfiar meus dedos e massagear teu cérebro - já que o coração fechou-se em copas pra mim. Eu queria, então, seguindo um mapa anatômico, alcançar em cheio o lóbulo pra onde você mandou suas memórias, como um anti-span encefálico. Eu queria re-encaminhar cada um de nossos momentos, espalhar memórias de mim por toda a maça cinzenta até que fossem pátio do meu castelo o córtex, a pituitária, o cerebelo ... Eu queria deixar que o shampoo escorresse pelos seus cabelos, pelo couro e e infiltrasse pelos buracos que eu fiz, uma lavagem cerebral. Eu queria, depois de limpos, condicionar seus pensamentos. Eu queria penteá-los em uma trança, adorná-los de rubis. Eu queria lobotomizar você. Eu queria seccionar suas vias, interromper o fluxo e redirecioná-lo. Eu queria, e é o mais leve que eu posso querer, te induzir um coma e sussurrar no teu ouvido o que quer que eu queria que você lembre ao acordar. Como um pássaro que sai do ovo, eu queria que você me visse e essa fosse tua lembrança mais doce. Eu queria, mais uma vez, ser ninho. Eu queria, no balanço de um relógio antigo, hipnotizar você. Eu queria te encaminhar ao balanço de horas antigas. Eu queria ter acesso aos cofres da M.I.B., eu queria o tal aparelho de deletar memórias. Eu queria, bem rápido, apagar você de mim.