por entre ruas eu vou perdendo passos. descarrilho, parto bússolas, rasgo mapas; mas não me perco. em cada légua desse caminhar, eu fui minha e estive comigo. inclusive enquanto a outros me doava e apesar dos membros amputados em emboscadas - tecidos mortos, dispensáveis - cá eu estou: inteira. ainda que eu ande em círculos (voltas e voltas em torno do meu umbigo), nunca estiveram tão ao meu alcance todos os meus sonhos e planos. melhor eu sou. imensamente mais feliz, talvez, eu não me sinta; porque é também minha companheira a ânsia burra de viver não só de mim, de correr em bando. os outros aos quais me dôo - e me nego - são, enfim, meus próprios pedaços soltos, células-filhas a brotar em outro corpo. sei que não faço metade do que me proponho, porém já proponho e faço. e você?
perde seus passos no caminho de me esquecer.
não sabe que esta trilha, meu bem, finda aos meus pés.